ATA DA DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO
ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 17.03.1999.
Aos dezessete dias do mês de
março do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos Alberto
Garcia, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Elói Guimarães, Fernando Záchia,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Bosco,
João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Nereu
D'Ávila, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Antônio
Losada, Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Eliseu Sabino, João Motta, Lauro
Hagemann, Maristela Maffei, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sônia Santos.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas
da Nona Sessão Ordinária e da Primeira Sessão Solene, que foram aprovadas. À
MESA foram encaminhados: pelo Vereador Eliseu Sabino, o Pedido de Informações
nº 25/99 (Processo nº 824/99); pela Vereadora Helena Bonumá, o Projeto de Lei
do Legislativo nº 14/99 (Processo nº 738/99); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01
Pedido de Providências; pelo Vereador João Dib, 03 Pedidos de Providências;
pela Vereadora Sônia Santos, 01 Pedido de Providências. Ainda, foram apregoados
os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando
desarquivamento de processos: do Vereador Antônio Losada, com referência ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 139/97 (Processo nº 2382/97); do Vereador
Isaac Ainhorn, com referência ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
12/98 (Processo nº 1976/98) e ao Projeto de Lei do Legislativo nº 98/98
(Processo nº 2108/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 03/99, do Vereador
Sérgio Roberto Vieira, Presidente da Câmara Municipal de Dom Pedrito/RS; 05/99,
do Vereador Irineu Pereira da Costa, Presidente da Câmara Municipal de
Pejuçara/RS. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o transcurso, dia
quatorze de março do corrente, do aniversário da Vereadora Tereza Franco.
Também, registrou o recebimento de Requerimento dessa Vereadora, solicitando a
realização de homenagem, através de uma placa, aos Vereadores deste Legislativo
que tiveram seus mandatos cassados por motivos políticos. A seguir, o Senhor
Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Idenir João
Cecchim, Presidente da Associação dos Empresários da Zona Norte, que registrou
a preocupação dos integrantes da Entidade que representa, frente ao atraso
verificado nas obras de reforma da Avenida Assis Brasil, atentando para os
prejuízos que esses atrasos acarretam à população da área e criticando a
atuação do Executivo Municipal quanto ao assunto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Fernando Záchia, reportando-se ao pronunciamento do Senhor Idenir João
Cecchim, comentou o comparecimento à Casa efetuado pelo Secretário Municipal
dos Transportes, Senhor Mauri Cruz, dia vinte e seis de fevereiro do corrente,
para prestar informações acerca das obras de reforma da Avenida Assis Brasil, e
ressaltou a importância de uma maior agilização no andamento dessas obras. O
Vereador Elói Guimarães analisou o significado da Avenida Assis Brasil para o
comércio porto-alegrense, lamentando o quadro hoje apresentado naquele local,
em virtude das obras de reforma da Avenida, e salientando a necessidade de
busca de soluções para que seja apressado o ritmo dessas obras. O Vereador João
Dib questionou cronograma para as obras de reforma da Avenida Assis Brasil
apresentado na Casa pelo Secretário Municipal dos Transportes, dia vinte e seis
de fevereiro do corrente. Também, registrou que as reclamações quanto aos
transtornos resultantes das obras referidas são oriundas de toda a comunidade e
não apenas da classe empresarial. O Vereador Lauro Hagemann comentou os
problemas causados à população residente na Avenida Assis Brasil pelas obras de
reforma dessa Avenida, defendendo uma revisão, pelo Executivo Municipal, do
cronograma referente a tais obras, para que sua conclusão seja viabilizada no
menor espaço de tempo possível. Após, o Senhor Presidente registrou a presença
do Vereador Doralício Scorsatto, Vice-Presidente da Câmara de Vereadores de
Itapuca/RS e Presidente Executivo do PTB desse Município. A seguir, o Vereador
Isaac Ainhorn formulou Requerimento verbal, solicitando a ação efetiva da Casa com
relação aos problemas observados nas obras de reforma da Avenida Assis Brasil e
defendendo a criação de comissão de Vereadores para reunião com o Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre, visando à busca de soluções para esses
problemas, Requerimento este deferido pelo Senhor Presidente, após consulta ao
Plenário, tendo os Vereadores João Dib, Clênia Maranhão, Guilherme Barbosa,
Antonio Hohlfeldt, Luiz Braz e Carlos Alberto Garcia manifestado-se a respeito.
Também, a Vereadora Clênia Maranhão, através de Questão de Ordem, questionou a
forma de elaboração do Requerimento do Vereador Isaac Ainhorn, acima referido.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sônia Santos congratulou-se com os
presentes pelo encaminhamento do tema abordado no período de Tribuna Popular,
traçando paralelo entre os pronunciamentos hoje efetuados na Casa e as
informações prestada pelo Secretário Municipal dos Transportes, dia vinte e
seis de fevereiro do corrente, relativas às obras de reforma da Avenida Assis
Brasil. Às quinze horas e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quinze horas e seis minutos, constatada a
existência de “quorum”. Em continuidade, o Vereador Guilherme Barbosa
registrou, através de Questão de Ordem, o agendamento de audiência dos Senhores
Vereadores com o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, dia dezenove de
março do corrente, tendo como pauta o andamento das obras viárias na Avenida
Assis Brasil. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi
aprovado Requerimento do Vereador João Verle, solicitando Licença para Tratar
de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossado na vereança a Suplente Sônia Saraí, informado que Sua Excelência
integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Após, o Senhor Presidente
prestou esclarecimentos sobre as disposições regimentais que vedam a realização
de manifestações nas galerias do Plenário, face Questões de Ordem formuladas
pelos Vereadores José Valdir e João Dib. Também, foi apregoado Requerimento do
Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando, nos termos do § 6º do artigo 218 do
Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora Annamaria Gularte,
tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gilberto
Batista, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação,
Cultura e Esportes. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou o
comparecimento da Senhora Ana Paula Mota Costa, Presidenta da Fundação de
Educação Social e Comunitária - FESC, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que
se manifestou acerca das conseqüências para o Município de Porto Alegre dos
cortes efetuados pelo Governo Federal nas verbas públicas destinadas a
programas de assistência social. Na ocasião, os Vereadores Renato Guimarães, Luiz
Braz, Cláudio Sebenelo, Adeli Sell, Cyro Martini, João Dib, Antônio Hohlfeldt,
Reginaldo Pujol, José Valdir e Guilherme Barbosa manifestaram-se e formularam
questionamentos à Senhora Ana Paula Mota Costa sobre o assunto em debate, tendo
o Vereador Antonio Hohlfeldt, através de Questão de Ordem, solicitado cópia do
material hoje apresentado por Sua Senhoria, para encaminhamento do mesmo aos
Deputados Nelson Marchezan e Yeda Crusius. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra à Presidenta da Fundação de Educação Social e Comunitária, que
solicitou o apoio dos Senhores Vereadores na busca de soluções que não reduzam
as verbas federais destinadas à assistência social, colocando-se à disposição
para esclarecimentos sobre o assunto e o trabalho desenvolvido pelo órgão que
preside. Às dezesseis horas e quarenta e sete minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quarenta e oito
minutos, constatada a existência de “quorum”. A seguir, o Vereador Luiz Braz
formulou Requerimento verbal acerca da ordem dos trabalhos, tendo o Vereador
Reginaldo Pujol, através de Questão de Ordem, manifestado-se a respeito. Em
prosseguimento, constatada a existência de "quorum", foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador Paulo Brum, solicitando alteração na ordem de
votação da matéria constante na Ordem do Dia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Antonio Hohlfeldt teceu considerações sobre veto aposto pelo Senhor
Prefeito Municipal à Emenda de sua autoria ao Projeto de Lei do Executivo nº 35/98,
no que se refere à destinação de verbas a entidades assistenciais, em especial
quanto à Associação de Pais e Amigos de Excepcionais - APAE, criticando a
atuação da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre. Após, foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador Luiz Braz, solicitando alteração na ordem de
apreciação dos trabalhos constantes na Ordem do Dia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Guilherme Barbosa contraditou o pronunciamento hoje efetuado pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt, comentando as razões do veto do Senhor Prefeito
Municipal ao Projeto de Lei do Executivo nº 35/98. Também, teceu críticas ao
Presidente do Senado e do Congresso Nacional, Senhor Antônio Carlos Magalhães,
classificando como equivocadas as posturas assumidas por Sua Excelência quanto
aos limites da autonomia do Poder Judiciário. Em seguida, o Senhor Presidente
prestou esclarecimentos sobre o encaminhamento a ser dado à apreciação do
Projeto de Lei do Executivo nº 35/98, face Questões de Ordem formuladas pelos
Vereadores Antonio Hohlfeldt e Juarez Pinheiro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Reginaldo Pujol, reportando-se ao discurso do Vereador Guilherme
Barbosa, teceu comentários sobre o funcionamento do Poder Judiciário no País,
defendendo o posicionamento do Senador Antônio Carlos Magalhães frente a
denúncias recebidas pelo Congresso Nacional, de possíveis irregularidades nos
encaminhamentos da Justiça do Trabalho. O Vereador Carlos Alberto Garcia
referiu-se à existência de Projeto de Emenda Constitucional que dispõe sobre
financiamento de ensino superior e propugnou pela manutenção das universidades
públicas gratuitas e pela mobilização nacional em defesa do ensino público.
Ainda, solicitou aos dirigentes de universidades que manifestassem à Comissão
de Educação, Cultura e Esportes seus posicionamentos sobre o assunto. A seguir,
constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e o Senhor
Presidente, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador João Dib, prestou
esclarecimentos sobre as disposições constantes no artigo 77 da Lei Orgânica do
Município de Porto Alegre. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto
de Lei do Legislativo nº 79/98, considerando-se rejeitado o Veto Total a ele
aposto, por dezenove votos SIM, doze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser
discutido pelos Vereadores João Motta, Luiz Braz, João Dib e Juarez Pinheiro,
tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini,
Isaac Ainhorn, João Bosco, João Carlos Nedel, João Dib, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza
Franco e Gilberto Batista, Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro
Martini, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Motta, José
Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Renato Guimarães e Sonia Saraí e
tendo optado pela Abstenção o Vereador Nereu D'Ávila. Durante a apreciação
deste Projeto, o Vereador Antônio Losada cedeu seu tempo de discussão ao
Vereador João Motta. Foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente
Sessão, por quinze votos SIM e quatorze votos NÃO, tendo votado o Senhor
Presidente, em votação nominal solicitada pelo Vereador Nereu D’Ávila, tendo
votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Cyro
Martini, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Bosco, João
Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Renato
Guimarães e Sonia Saraí e Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Cláudio
Sebenelo, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini,
Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Pedro Américo Leal,
Sônia Santos, Tereza Franco e Gilberto Batista. Em Discussão Geral e Votação
Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 155/98, em sua parte
vetada, considerando-se aceito o Veto Parcial a ele aposto, por um voto SIM,
dezesseis votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser discutido pelos Vereadores Luiz
Braz e Elói Guimarães, tendo votado Sim o Vereador João Bosco Vaz, Não os
Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói
Guimarães, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Motta, José Valdir, Juarez
Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D’Ávila, Renato
Guimarães e Sonia Saraí e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Clênia
Maranhão e João Dib. Às dezoito horas e vinte e cinco minutos, constatada a
inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Nereu D’Ávila, Juarez Pinheiro e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores
Adeli Sell, Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol, este como Secretário “ad hoc”. Do
que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Antes
de ingressarmos no período da Tribuna Popular, queremos parabenizar a Vera.
Tereza Franco, a nossa “Nega Diaba”, pelo seu aniversário transcorrido no dia
14. Os nossos parabéns e o nosso beijo carinhoso.
Quero também parabenizá-la
pela proposta apresentada, já protocolada, de se fazer uma homenagem, com uma
placa, aos Vereadores cassados desta Casa, que deverá ser colocada no hall. Naturalmente, a proposta deverá
passar pelo crivo dos demais Vereadores, mas, pessoalmente, me regozijo com V.
Exa. pela iniciativa.
Passamos à
TRIBUNA POPULAR
O Sr. Idenir João Cecchim,
Presidente da Associação dos Empresários da Zona Norte, está com a palavra para
abordar o assunto referente ao atraso das obras da Av. Assis Brasil, no espaço
regimental de 10 minutos.
O
SR. IDENIR JOÃO CECCHIM:
Sr. Presidente, Ver. Nereu D’Ávila, Sr. 1º. Secretário, Ver. Isaac Ainhorn,
Senhores Líderes de Bancadas, Srs. Vereadores, comerciantes, senhoras e
senhores.
Primeiramente, queremos
agradecer aos membros desta Casa por nos dar oportunidade de aqui trazer a
preocupação dos comerciantes da Av. Assis Brasil, em particular, mas tenho
certeza de que, também, de toda a população da Zona Norte.
O caos que se instalou
naquela região da Cidade pelas obras do Corredor chamado Norte-Nordeste pela
Prefeitura, que é o corredor da Assis Brasil, deixou uma população toda
desnorteada, os comerciantes à beira da falência e causou a demissão de
funcionários.
A Prefeitura está insensível
em relação a isso, como demonstra no jornal de hoje o Secretário de Obras,
Estilac Xavier, dizendo que as obras só terminam em outubro.
Eu li aqui na Câmara, o
Secretário dos Transportes Mauri Cruz disse que terminariam em agosto. Já ouvi
em outros meios de comunicação o Diretor de Trânsito, Alexandre, dizer que em
abril ou maio liberariam grande parte da Assis Brasil.
Além de toda essa
preocupação mais esta: a Prefeitura não se entende, também, no prazo de término
das obras.
O inicio da obra foi no dia
06 de junho de 1998, houve uma panfletagem do Sr. Prefeito Raul Pont dando como
término o dia 06 de outubro de 1998. A obra não foi terminada, ao contrário,
tiveram os comerciantes de perto do Viaduto Obirici que pedir pelo amor de Deus
à Prefeitura que as obras fossem interrompidas no período de Natal para que a
população pudesse fazer compras.
No início de janeiro,
fechou-se a Assis Brasil, do Cristo Redentor até o Triângulo da Baltazar.
Imaginávamos que essa operação era para aproveitar os meses de janeiro e
fevereiro, quando teria pouco movimento na Assis Brasil e as obras seriam aceleradas.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores é inacreditável, mas as obras não iniciaram, nem em janeiro, nem em
fevereiro, trancou-se a Assis Brasil num prazo de 60 dias por nada. E os
prejuízos foram se acumulando. Faltou planejamento, faltou uma orientação da
Prefeitura do que iria acontecer ao longo das obras.
Fomos ao Secretário Estilac
Xavier, que é um homem muito educado, nos recebeu muito bem na Secretaria, mas
devo admitir que ele tem sido coerente, pelo menos, ele disse que as obras
terminam em outubro e para ele não se fala mais.
Quero dizer que estamos
aqui, hoje, para pedir socorro à Câmara Municipal, porque entendemos que esta
Casa fará pressão junto com a população da Zona Norte e gestionará junto à
Prefeitura para que se abreviem essas obras. Não podem, em hipótese alguma
serem levadas até outubro, sob pena de muito desemprego e mais quebradeira.
Provavelmente, em outubro, quando as obras estiverem prontas e os clientes
forem à Assis Brasil para fazer compras não encontrarão muitos dos comerciantes
que lá estavam, porque já quebraram.
Reconhecemos, nesta Casa, e
nos Srs. Vereadores os legítimos representantes da nossa população. Nós
reconhecemos o Orçamento Participativo, mas estranhamos muito que até hoje
nenhum Conselheiro do Orçamento Participativo tenha aparecido para fazer aquilo
que entendemos ser a sua obrigação, que é defender a população que os elegeu
Conselheiros. Nós ainda estamos esperando que os Conselheiros venham ajudar a
população da Zona Norte e intervenham junto à Prefeitura, e que não fiquem
somente participando de propagandas na televisão. A Prefeitura, quando
começamos a reclamar, ao invés de tomar uma providência no sentido de apressar
as obras, fez, às pressas, um programa para o “Cidade Viva”, onde aparece uma
mulher dentro de um automóvel, dizendo que aquilo é uma maravilha. Certamente
não foi filmado perto da Av. Assis Brasil, porque o que ela descrevia era o
país de Alice; não era na Assis Brasil, onde está instalado o caos.
A imprensa toda está dando
um auxílio fantástico, está nos ajudando a mostrar a realidade do que está
acontecendo e o que é a Av. Assis Brasil agora.
Nós estamos aqui, digo mais
uma vez, para pedir socorro a esta Casa, e tenho certeza de que seremos
atendidos, porque aqui sabemos onde estão os nossos representantes, eleitos
pelo povo. Temos o seu endereço, seu telefone e sabemos os seus nomes, mas,
infelizmente, dos membros do Orçamento Participativo não sabemos nada, nem como
lhes telefonar para poder pedir socorro a eles também. Só os vemos fazendo propaganda
na televisão.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
queremos convidar V. Exas. para visitarem a Av. Assis Brasil. Iremos junto para
fazer uma vistoria. Eu acredito que, na condição de Vereadores, pela
sensibilidade que têm, certamente nos ajudarão a convencer e a gestionar junto
à Prefeitura para liberar na Av. Assis Brasil pelo menos uma pista de cada
lado, para que possam circular automóveis também. O Comércio vive do fluxo de
pessoas e de automóveis, e na Av. Assis Brasil, no maior trecho, isso é impedido.
Passa só ônibus. Precisa-se urgentemente da liberação da Av. Assis Brasil.
Todas as Bancadas, principalmente a Bancada da Frente Popular, podem nos ajudar
a gestionar junto ao Prefeito para diminuir esse prazo da construção, ou da
remodelação do corredor da Av. Assis Brasil. Tenho certeza que da parte desta
Casa teremos todo o apoio. E, desde já, quero agradecer o apoio e a
oportunidade que nos dá a Câmara de Vereadores, Sr. Presidente, de aqui trazer
o nosso pedido de socorro para a Assis Brasil e para a população da Zona Norte
de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Fernando Záchia está com a palavra em Comunicação de Líder.
O
SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, amigo Idenir João Cecchim,
comerciantes da Zona Norte, da Assis Brasil, representantes do CDL, do
SINDILOJA, que aqui também estão se fazendo representar, dando apoio às
reivindicações dos comerciante da Assis Brasil. Não tem quem não conviva com a
Assis Brasil e não dependa dela, não só para o acesso à Zona Norte, para sair
de Porto Alegre, mas principalmente sabe-se o que representa historicamente a
Av. Assis Brasil para o Município de Porto Alegre na arrecadação tributária e
na questão do emprego. A Av. Assis Brasil é, sem dúvida nenhuma, a Avenida que
mais arrecada ICMS para o Município de Porto Alegre e está entre as que mais
empregam pessoas no comércio de Porto Alegre. E as pessoas estão, hoje,
sofrendo com o descaso da Prefeitura de Porto Alegre.
Esta Casa, há 10, 15 dias,
convocou o Sr. Secretário dos Transportes, Sr. Mauri Cruz, para que ele
explicasse e fizesse um relato aos Srs. Vereadores sobre a atual situação em
que se encontra a Av. Assis Brasil. O Secretário, questionado por dez
Vereadores de diversos partidos, respondendo algumas perguntas e outras não
respondendo, dizia que reconhecia que a obra da Av. Assis Brasil, num
determinado período foi lenta, mas que, a partir de agora, teria ritmo normal,
porque a Cidade voltaria a sua normalidade e que até agosto ele entregaria a
obra para Porto Alegre. Alguns dos Vereadores questionaram o Secretário sobre a
questão do emprego, sobre essas pessoas que estão perdendo seus empregos e
sobre os comerciantes que estão vendo seus negócios caírem pela metade, outros
comerciantes que já fecharam. Como ficam esses comerciantes? Não há entre nós
nenhum Vereador que seja contrário à necessidade das obras, todos nós
entendemos que ela é uma qualificação para a Cidade de Porto Alegre. Mas será
que não existe, por parte do Executivo Municipal a grandeza de reconhecer que
está sendo administrada uma grande Cidade e uma Capital que quer ser a Capital
do MERCOSUL e que esta Cidade necessita de um ritmo de obras mais acelerado?
Lendo outro dia o “Jornal do Comércio”, onde o Sr. Estilac Xavier era
questionado a respeito do ritmo das obras na Av. Assis Brasil, sobre o porquê
de não ser empregado, ali, três turnos de trabalho, ele respondia: “A
contratação de três turnos de trabalho triplicaria o custo da mão-de-obra.” Será
que não é mais importante o Município de Porto Alegre triplicar, e eu não
acredito nesses números, mas aumentar o orçamento daquela obra do que ver os
comerciantes fecharem as portas e as pessoas perderem os seus empregos? Ora,
vamos ter a grandeza, vamos admitir que estamos numa grande Cidade, e uma
grande cidade precisa ritmo de obra, tem que haver grandes realizações.
Ontem, aproveitando a
homenagem que esta Casa prestou ao Dr. Jorge Gerdau Johannpeter, quando,
surpreendentemente, não havia nenhum representante do PT - e seria bom que os
representantes do PT tivessem comparecido para ouvir um pouco o que o
homenageado falava - o homenageado fazia um apelo a esta Casa, aos Srs.
Vereadores, para que nos espelhássemos nas grandes cidades, e ele citou Roma,
Paris, Buenos Aires, Madri, Barcelona, dizendo que, ao longo do tempo, foram
aperfeiçoando seus planos diretores, mas principalmente as visões
administrativas. Aqueles governantes das grandes cidades, que sabem da
importância de determinadas obras, a elas dão um ritmo especial, um ritmo que,
talvez, obrigue a trabalhar à noite, avançando nos sábados e domingos,
independente do custo que isso possa trazer ao orçamento. Mas e a importância
do que isso representa para a Cidade, quanto aos empregos e quanto ao comércio?
Os pequenos comerciantes da Zona Norte disseram que o movimento dos negócios já
baixou em 40%. Há uma estimativa de encerrar-se a obra em agosto; segundo o
Prefeito, em outubro, e só nesse período de obras, os comerciantes já sentiram
uma redução de 40%, o que acarretou, também, desemprego - e aqui no Plenário há
alguns cartazes indicando isso. E, se esperarmos mais seis, sete meses, será
que não vai aumentar o desemprego na região ou fazer com que os comerciantes
deixem de faturar ou fechem suas portas? E será que com essas obras, o povo
readquirirá o hábito de fazer compras na Assis Brasil? Vamos ter a visão que
uma grande Cidade merece. Triplicará o custo da obra, mas temos que ter uma
visão construtiva da Cidade. E os moradores, que são incomodados com o barulho
das obras, à noite, e nos finais de semana, toleram a tudo porque sabem que é
por uma causa justa, para que, o quanto antes, as obras sejam concluídas e os
comerciantes não sofram mais prejuízos, acarretando até desempregos. Obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Elói Guimarães está com a palavra, para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o retrato que se faz daquela área importante da
Cidade de Porto Alegre é como se tivesse passado um verdadeiro tornado, fazendo
com que os escombros tomassem os espaços existentes naquilo que é um dos
maiores “Shopping Centers” ao ar livre, não só de Porto Alegre, do Rio Grande
do Sul, mas de toda a região sul do País. Uma providência ou um conjunto de
providências terá que ser adotado. Toda obra vem para beneficiar a população,
isso não se discute, mas precisamos de uma providência imediata, houve um
equívoco lamentável. O Sr. Secretário e a Secretaria Municipal dos Transportes
devem ser chamados à repreensão. A Secretaria tem know how, conhece esse tipo de intervenção, o próprio governo da
Administração Popular já fez esse tipo de intervenção na Cidade de Porto
Alegre. É inconcebível que num eixo importante como a Av. Assis Brasil se faça
a intervenção em toda a avenida, é um absurdo, isso deve ser feito por quadra,
ou por quarteirão, no sentido de ir acomodando todo aquele complexo de
atividades comerciais, o fluxo do trânsito, de pessoas, etc. Mas, de repente,
interrompe-se tudo e se cria um grande problema. Não se teve, na história de
Porto Alegre, um problema dessa dimensão; isso é inédito na Cidade de Porto
Alegre, criou-se um grande problema em uma região fundamental para o
desenvolvimento da Cidade. Houve um erro, aquela reconstrução do corredor
deveria ser feita por etapas, isso é mínimo em administração. O erro já está
cometido, é lamentável. A ASSONORTE e os comerciantes daquela comunidade pedem
que a Casa atue nesse sentido.
Nós entendemos, inclusive eu
falo em nome da Bancada do PDT, que o Sr. Prefeito Municipal seja chamado para
adotar imediatamente uma providência em relação à ASSONORTE, para fazer com que
as atividades de recuperação, o trabalho, se desenvolvam sábado, domingo e à
noite. Não há outra solução. Alguém vai dizer que há custo. O maior custo é
aquele que se opera pelo transtorno causado, e não se refere somente à questão
econômica, ao prejuízo dos senhores comerciantes, mas também aos riscos, aos
acidentes que ocorrem na área, a malha viária contígua, retirando todo o fluxo
do eixo, passando a prejudicar profundamente toda a área de entorno com
problemas de toda ordem e com custos, porque a Secretaria coloca semáforos e
placas que são retirados. Então, a confusão e o caos são generalizados, inclusive
afeta a pavimentação das vias secundárias que não têm capacidade para receber o
fluxo da Av. Assis Brasil, sendo prejudicadas. É uma situação insustentável. A
única saída é fazer com que se diminua o tempo, que é fundamental, colocando a
ação de recuperação em fins de semana e durante à noite. Fica aqui a
manifestação do PDT, de apoio a toda essa mobilização para que se encontre uma
saída, no sentido de diminuir os prejuízos irrecuperáveis que sofreram os
comerciantes e a comunidade. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra, para Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO DIB: Senhor
Presidente e Srs. Vereadores, com a tranqüilidade de quem, como Diretor-Geral
do DMAE duas vezes, como Secretário de Obras, como Prefeito, realizou obras em
toda a Cidade, quero falar em custo-benefício. Parece-me que a Prefeitura não
tem preocupação com o custo-benefício.
Quando eu vou realizar uma
obra, tenho que pensar a quem vai beneficiar e, de repente, o custo se torna
menor porque vou beneficiar uma área muito grande. Então, não importa que eu
gaste mais alguns reais.
Essa preocupação, hoje, do
nosso Presidente da ASSONORTE, o Idenir Cecchim, dos comerciantes que aqui
estão, também é dos moradores do entorno. Minhas preocupações com a Assis
Brasil começaram com os moradores, não com os comerciantes. Deve-se considerar
o custo-benefício. Todos estão sendo prejudicados. Tenho dito que o sistema
viário da Cidade é igual ao sistema circulatório humano. Não adianta cuidar dos
vasos periféricos, que podem estourar em nossas mãos, ou até no nosso nariz,
deixando um sinal vermelho. Tenho que cuidar das grandes veias e artérias,
senão vou ao enfarte. E a Cidade hoje está enfartada porque a Assis Brasil está
parada. Uma grande artéria da Cidade está em más condições. E aqui estão os
comerciantes, os moradores, entidades como o CDL, o SINDILOJAS, aqui
representados porque é a Cidade que está sendo atingida. É preciso que se
analise o custo-benefício.
Quando convidamos, por
iniciativa minha, o Secretário de Transportes, Dr. Mauri Cruz, queríamos que
ele nos desse uma data definitiva porque havia uma preocupação. Eu vi fazerem a
recuperação do Viaduto Otávio Rocha, cinqüenta metros de plataforma, e levaram
mais de seis meses. Lembrei que no Viaduto Obirici a obra era para ser
realizada em 90 dias, levaram um ano e meio. O Secretário veio aqui e essas são
suas palavras (Lê.): “O cronograma dos desvios, acho que também interessa aos
Vereadores, situação crítica na qual estaremos de hoje até agosto”. Essa foi a
data dita aqui pelo Secretário responsável pelas obras que lá estão
acontecendo. (Lê.): “Então, prevemos a liberação do corredor para os ônibus a
partir do fim do mês de março. A partir de abril, os ônibus já estarão em
condições de circular no corredor, em circulando os ônibus no corredor, já
teremos condições de liberar a grande maioria dos trechos críticos para
circulação de automóveis na Av. Assis Brasil. Portanto, prevemos que, a partir
de abril, até o mês de agosto, haverá uma liberação parcial da Assis Brasil”.
Bom, era até o mês de agosto, agora, o Prefeito diz que é até outubro. Nada nos
dá a tranqüilidade de que seja agosto, muito menos outubro, porque, parece, que
não há na Prefeitura a preocupação com o custo/benefício. O comércio está sendo
prejudicado, conseqüentemente, está sendo arrecadado menos ICM e se arrecada
menos ICM, a Prefeitura também recebe menos. É preciso considerar o
custo/benefício, o que vamos ganhar? As reclamações que recebo, por telefone,
são de moradores. Na rua Brito Peixoto, que não tem condições de receber o
tráfego que está recebendo, houve atropelamentos, houve derrubada de grades.
Fizeram grades para os edifícios. Lamentavelmente, vivemos em uma Cidade que
tem que ser gradeada, não é Porto Alegre, é o Brasil, é o Mundo, mas as grades
foram derrubadas, porque a rua Brito Peixoto não estava preparada para receber
o trânsito que recebia e está recebendo hoje. Nesta pasta consta uma série de
documentos. O primeiro que recebi, foi também dirigido ao Prefeito com uma
cópia para mim, é de moradores da rua Álvarez Cabral. Vejam bem que não são só
os comerciantes que estão reclamando, é a Cidade que está reclamando e a
Prefeitura está preocupada em dar explicações. Nós dissemos, aqui, com todas a
letras: há necessidade de trabalhar sete dias por semana e entrar noite a
dentro. Pode não trabalhar 24 horas, eventualmente. A Prefeitura disse que
choveu 45 dias. Estamos com saudades das chuvas. Penso que até os moradores da
Assis Brasil pediriam que chovesse por dois dias e parassem as obras, porque
está faltando chuva o ano inteiro, mas a Prefeitura disse que choveu 45 dias,
coisas da Prefeitura. É importante que as obras sejam pensadas, repensadas e
extremamente aceleradas, porque é a Cidade que está sendo prejudicada. E não
adianta o programa “Cidade Viva” trazer pessoas para dizer que está tudo às mil
maravilhas, tudo conforme foi programado, porque não é verdade. A programação
está aqui, trazida pelo Secretário, em documentos, folhetos muito bem
impressos. Nós queremos a obra muito bem realizada.
Eu disse no início que falo
com a tranqüilidade de quem realizou obras em toda esta Cidade, inclusive o
corredor da Assis Brasil para o qual, quando fui Secretário de Obras, marquei
dia e hora: “5 de novembro, 8 horas da manhã o corredor está pronto.” Eu deixei
a Secretaria 10 dias antes para assumir a Secretaria do Governo, fiquei
respondendo pela Secretaria de Obras e no dia 5 de novembro, às 8 horas da
manhã a obra estava entregue. Ninguém sofreu. Hoje se altera o corredor, claro
que é necessário, já se passaram 18 anos e precisa ser feita a alteração; mas,
parece que as pessoas não tem aquela visão de que a Cidade toda está sendo
prejudicada. Não é só a Assis Brasil, é toda a Cidade, porque é uma das
artérias mais importantes para a vida da Cidade.
Nós queremos, Sr. Presidente
da Associação, que estas obras sejam repensadas, reprogramadas e aceleradas
como deve acontecer nas obras que têm alto interesse social para a vida de uma
cidade. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Lauro Hagemann está com a palavra, pelo PPS, em Comunicação de Líder.
O
SR. LAURO HAGEMANN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu tenho a sorte de participar uma vez por semana
de um programa de televisão, que é muito ouvido na Cidade. Há umas três semanas
eu me detive no exame da situação da Assis Brasil, porque eu havia passado por
lá numa manhã e assisti a um
espetáculo dantesco, e até referi que havia assistido, há uma ou duas noites
anteriores, um programa de televisão em que se repetiam as cenas dos famosos
terremotos de São Francisco, no início do século, de Tóquio e uma outra cidade
japonesa. Passando pela Assis Brasil me deu a impressão de que a avenida tinha
sofrido um terremoto ou um vendaval, tal o estado em que ela se encontrava. Eu
já vinha ouvindo, há muito tempo, muitas reclamações dos moradores da Assis
Brasil, não era dos comerciantes, pelo transtorno que aquela situação estava
causando para a livre locomoção das pessoas; os desvios que eram feitos, a má
sinalização.
Na semana passada, ou há duas semanas o Secretário Municipal dos
Transportes veio a esta Casa para dar explicações e a Casa entendeu as razões.
Mas já naquele programa de televisão eu alertava para o fato de que a Prefeitura
tinha que intensificar o ritmo das obras, colocando os trabalhadores a
trabalhar dia e noite e nos fins de semana, porque as reclamações que eu havia
recebido eram nesse sentido: sábado e domingo paravam as obras e era no horário
normal de trabalho dos agentes.
Eu acho que temos que ter
uma atitude de prudência nesse caso. Eu faço um apelo ao Prefeito, e ao
Secretário de Obras para que revisem a questão do ritmo que está sendo impresso
às obras de reformulação da Assis Brasil, porque a Cidade está a exigir. Por isso
é pertinente a presença da Associação dos Comerciantes da Assis Brasil, da Zona
Norte, aqui, porque é um direito do cidadão, esta pressão legítima que se faz
sobre a Prefeitura. Tenho uma posição crítica em relação a isso, porque acho
que alguns setores da Prefeitura não estão agindo de acordo com as
determinações da política geral do Município. Está havendo um descompasso entre
algumas secretarias. Não quero investir contra ninguém em particular, mas faço
um apelo aos responsáveis pela obra para que revisem o cronograma a fim de que
a Assis Brasil, por tudo que foi dito aqui e não há nenhum reparo a fazer,
volte ao normal o mais breve possível. A Associação tem legitimidade. Não são
só os comerciantes estão padecendo, são principalmente os moradores. E não são
só os moradores da Assis Brasil, são todos os que têm que passar pela Assis
Brasil, os que vão a Gravataí, a Cachoeirinha, a Alvorada a toda aquela Zona da
Cidade, dos municípios limítrofes que são obrigados a passar pela Assis Brasil.
Toda essa gente está padecendo, pelo ritmo demasiadamente lento das obras. É o
apelo que se faz, aos dirigentes municipais, para que entendam a situação e
passem a agir com mais presteza, exigindo um maior ritmo, um ritmo mais
acelerado na consecução daquelas obras. Até porque elas foram programadas e
depois refeitas, tiveram que destruir, de acordo com o Secretário dos
Transportes foi destruída uma parte da obra já construída para que se começasse
de novo, e, claro, isto aí é o ritmo do progresso, ninguém é contra isso. Temos
que admitir, a Cidade paga um preço por isso. Agora que esse preço seja o mais
razoável possível. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Eu quero
registrar a presença entre nós com muita satisfação do Vereador do PTB, Partido
Trabalhista Brasileiro de Itapuca, Doralício Scorsatto, que é Vice-Presidente
da Câmara e Presidente da Executiva do PTB de Itapuca. Seja bem-vindo,
Vereador, nossa saudação para V. Exa.
O
SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Nesse
momento, Sr. Presidente, depois de ouvirmos a manifestação de um número
considerável de Lideranças desta Casa, de cinco Bancadas com assento nesta
Casa, e do apelo do Presidente da ASSONORTE, Empresário Idenir Cecchim, que
veio a esta Casa dizendo que a ASSONORTE, a Comunidade da Assis Brasil, veio à
Câmara Municipal pedir socorro. Então, com base nas manifestações das cinco
Lideranças e do Presidente da ASSONORTE, nós gostaríamos de requerer, Sr.
Presidente, uma medida concreta no sentido de uma ação efetiva desta Casa, uma
vez que só nós conhecemos e temos a experiência Parlamentar, que só as
manifestações das Lideranças de solidariedade e de apoio, não vão equacionar o
problema, como temos conhecimento, e vai ficar nisso. Sr. Presidente, neste
momento, gostaríamos de requerer que V. Exa., como Presidente da Casa, como
Presidente de um dos Poderes da Cidade, juntamente com as Lideranças de todos
os Partidos com assento nesta Casa, fosse ao Sr. Prefeito no sentido de
manifestar uma posição de busca de uma equação. Se for preciso, dar o
necessário respaldo político para que haja uma modificação na própria estrutura
do orçamento da obra em termos de mão-de-obra, triplicando o tempo. Trata-se de
uma situação de caráter emergencial e o Prefeito, em situações de emergência,
pode tomar certas medidas, inclusive em relação a questões de licitações,
preços e valor de mão-de-obra e serviços. Portanto, requeiro a V. Exa., ouvido,
evidentemente, o Plenário, que constituíssemos, se regimentalmente houver
amparo, uma Comissão coordenada por V. Exa. para irmos ao Prefeito e colocarmos
a questão, buscando uma equação para a questão. Muito obrigado.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, tendo em vista o longo discurso do Ver.
Isaac Ainhorn, ficou uma dúvida de que tempo ele usou para essa intervenção.
O
SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, eu regimentalmente usei da Tribuna como Vereador desta Casa para
fazer um Requerimento. Eu não vou admitir que ninguém faça censura de espécie
alguma a manifestações com amparo regimental. Que a Vereadora leia o Regimento
para saber que o Vereador pode fazer da Tribuna Requerimentos verbais. Muito
obrigado.
O
SR. PRESIDENTE: Tendo em
vista que o Requerimento do Vereador é com embasamento político, porque,
evidentemente, a intenção do Vereador é correta no sentido de que houve um
pedido explícito para quem ouviu com atenção o nobre Presidente da Associação
dos Empresários da Zona Norte, o Sr. Idenir Cecchim, que se expressou até
usando a palavra socorro. A intenção do Vereador é que haja uma Comissão
política liderada pelo Presidente, acho perfeitamente cabível. A outra
alternativa seria uma Comissão externa, e aí teria que ser feito um
Requerimento e votado, aí circunscreveria a Comissão Externa a um outro tipo de
amplitude. Então, nesse sentido, não vejo prejuízo nesse Requerimento, a não
ser que as Lideranças não concordem com o pedido do Ver. Isaac Ainhorn. Agora,
dentro da proposta do Vereador, era para nós tomarmos uma providência junto ao
Prefeito, possivelmente, num ponto que considero importante e que foi falado
para alguns Vereadores que usaram a tribuna, da possibilidade de as obras serem
de dia, de noite e nos fins de semana, o que, no caso, não está acontecendo.
Claro que, se importar em questões orçamentárias, teriam que ser tomadas
providências.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, a minha Bancada do Partido Progressista Brasileiro, ainda que
considere que a forma do Requerimento foi intempestiva, concorda plenamente e
acha que tudo o que possa ser realizado para que a obra aconteça com mais
celeridade, a Câmara deve encampar. Nós nos somamos àqueles que apóiam a
proposta. (Palmas.)
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Esclarecimento):
Sr. Presidente, para que não haja dúvida, o meu total apoio à reivindicação
trazida pela Associação e a proposta encaminhada à Mesa. O questionamento foi
em relação ao procedimento. Muito obrigada.
O
SR. GUILHERME BARBOSA:
Sr. Presidente, em nome da nossa Bancada, do PT, queremos dizer que também
estamos de acordo com o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, sobre a
possibilidade de ver a obra apressada. Espero que sim. Há uma série de
empecilhos legais, mas se a Câmara der respaldo ao Prefeito para que ela seja
apressada, estamos de acordo. Essa obra é fundamental para a Cidade, importante
para a Região Metropolitana e, se pudermos diminuir os impactos, melhor.
Estamos de acordo com a Comissão.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT:
Da mesma forma, Sr. Presidente, a Bancada do PSDB incorpora a Proposta do Ver.
Isaac Ainhorn e, desde logo, me disponho, na Liderança, ou o Ver. Cláudio
Sebenelo, a participar desta Comissão e conversar com o Sr. Prefeito, mais os
companheiros da ASSONORTE para tentarmos buscar alternativas para agilizar a
obra. Esse tinha sido um dos questionamentos que fizemos aqui, quando da
presença do Secretário. É absurdo que com a iluminação que há na Av. Assis
Brasil não se faça obra noturna e é absurdo também que nos sábados, domingos e
feriados ou sábado à tarde, se pare completamente a obra. Então, acho que cabe,
sim, a Câmara buscar, politicamente - é a função política da Casa - um
entendimento com o Executivo e a agilização das obras. (Palmas.)
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, a Bancada do PTB dá total apoio às reivindicações trazidas aqui da
tribuna pelo Senhor Idenir Cecchin, e vai participar dessa comissão, porque
acredito que seja uma das formas com que podemos fazer com que o Executivo
Municipal cumpra com as suas funções e atenda às reivindicações absolutamente
justas, que não são apenas daqueles que moram ou dos que estão no entorno da Assis
Brasil, mas de toda a sociedade de Porto Alegre.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Carlos Alberto Garcia, do PSB.
O
Sr. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr.
Presidente, o Partido Socialista Brasileiro, em meu nome e em nome do Ver.
Hélio Corbellini, também se soma aos esforços de toda a Câmara, para que, o
quanto antes, possamos ver a Av. Assis Brasil, o seu comércio fluindo
normalmente. O momento é de envidar todos os esforços para que, conjuntamente,
a população possa sair fortalecida.
O
SR. PRESIDENTE: Diante
da manifestação praticamente unânime da Casa, e tendo em vista que a proposta
inclui a presença deste Presidente, prazerosamente, até pela força que tem a
instituição, aceitamos a incumbência, e providenciaremos uma audiência com o
Sr. Prefeito, para vermos as alternativas que poderemos tomar. Algumas delas já
foram aqui colocadas nesta tarde. Agradecemos à comunidade, que aqui compareceu
em grande quantidade, pois esta Casa é a casa do povo, a casa dos Senhores, das
Senhoras, assim como agradecemos ao Sr. Presidente da Associação dos
Empresários da Zona Norte pela presença, Sr. Idenir Cecchin.
Tem a palavra, para uma
Comunicação de Líder pelo PTB, a Vera. Sônia Santos.
A
SRA. SÔNIA SANTOS: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores.
Esta é verdadeiramente uma
casa do povo. É um prazer, sempre que estamos no momento da Tribuna Popular,
ouvir o povo nesta tribuna falar naqueles problemas que o angustiam, trazendo
seus anseios, e buscar de nós, Vereadores, o respaldo.
É muito bom ver uma pessoa,
como o Presidente da Associação, que veio aqui fazer um pedido de socorro. Veio
aqui buscar a nossa ajuda. Veio aqui buscar apoio e não atacar. É muito bom
quando nós vemos pessoas independentes, dignas, sérias, que falam aqui buscando
resolver problemas. Tomara que seja sempre assim, Sr. Presidente!
Há um tempo, nesta tribuna,
eu lembrei o grande poeta gaúcho Mário Quintana, que diz, num de seus textos:
“A mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer”. Quando nós recebemos o
nosso Secretário, ele fez uma colocação interessante, de que o trabalho era
contínuo nos finais de semana, e que não poderia ser feito à noite devido ao
barulho, que incomodaria os moradores da região. Realmente, segundo todas as
pessoas que vieram a esta tribuna e a manifestação do Presidente, o trabalho
não é contínuo nos finais de semana e tampouco eu penso que seja um incômodo
para as pessoas da região que o trabalho seja ininterrupto durante a noite,
visto que isso vai acelerar as obras e terminar com esse suplício que os
moradores e comerciantes estão passando.
Naquela ocasião, eu vim a
esta tribuna e falei como moradora da Avenida Grécia sobre os problemas que
nós, moradores, vivemos, e demonstrei a minha surpresa, porque logo depois de o
Requerimento ter sido aceito nesta Casa, de convocação do Secretário para falar
dessa importante questão, apareceram no “Cidade Viva”, na televisão, pessoas
dizendo que a obra era natural, que era boa, que era positiva, e que ninguém
estava-se incomodando com todo aquele transtorno. Eu gostaria de saber onde
moram as pessoas que fizeram parte do “Cidade Viva”. Porventura foi algum de
vocês aqui? Eu não penso que tenha sido alguém da Zona Norte, da Álvares
Cabral, da Joaquim Mesquita, da Pan-Americana, da Avenida Grécia, ou da Ernesto
Fontoura. Eu não sei de onde saíram aquelas pessoas alegres, sorridentes,
esbanjando beleza e alegria. Eu acho que elas não sabem onde fica a Avenida
Assis Brasil, e tampouco as ruas que estão sofrendo esse suplício, de terem o
tráfego totalmente dirigido para lá e transformando a vida dos moradores num
inferno.
Normalmente, quando há
alguma alteração no tráfego, isso é avisado à população. Eu saí numa
quinta-feira da minha casa, pela manhã, quando eu retornei, à noite, entrei e,
de repente, as luzes vinham contra mim. Eles tinham mudado totalmente o curso
da Av. Grécia, a partir da Jari.
No dia seguinte, quando eu
saí, tinha um “azulzinho” desesperado, porque a SMT esqueceu de colocar as
placas de sinalização, não indicava qual a mão para o trânsito, deixando as
pessoas perdidas.
Não deu outra, sábado de
manhã, na Bezerra de Menezes com a Grécia, dois carros colidiram de frente.
Será que a Prefeitura vai indenizar essas pessoas? Quem é que vai arcar com o
prejuízo se não havia placa de sinalização? Não havia nenhum “azulzinho” de
manhã para controlar o tráfego.
Mas está tudo direitinho,
amanhã vai aparecer o “Cidade Viva” dizendo que está tudo bem, que está “tudo
azul na América do Sul”. Está tudo tranqüilo, Porto Alegre está feliz porque,
afinal de contas, vamos ter uma obra maravilhosa, mas sobre quando vai terminar
a obra, nem eles se entendem: o Secretário vem à Câmara - as notas
taquigráficas estão aí - e diz que as obras terminam em agosto; o Prefeito vai
para o jornal e diz que terminam em outubro! Daqui a pouco aparecerá alguém
dizendo que vão terminar em janeiro ou, quem sabe, em março do ano que vem. E
vai aparecer o “Cidade Viva” dizendo que está todo mundo feliz, porque a obra é
muito boa.
Eu fico muito feliz porque
houve a unanimidade de todos os Vereadores para que uma solução seja dada a
este caso. Espero que, até que essa solução venha, mais e mais comerciantes não
fechem os seus estabelecimentos e que não venham acontecer mais acidentes
nessas ruas, tampouco atropelamentos, como já houve registros. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO:
Apenas para seguir os mesmos procedimentos regimentais das demais Lideranças,
nós queríamos, em nome da Bancada do PMDB, expressar também o total apoio da
nossa Bancada, em meu nome e no nome do Ver. Fernando Záchia, que já se
pronunciou da tribuna, quanto à formação da Comissão e todos os mecanismos
necessários para apoiar a Associação dos Empresários da Zona Norte e todos os
moradores na luta pela agilização desse processo.
O
SR. PRESIDENTE: Então, temos
um encaminhamento de solução bastante concreto neste período, agradecemos a
presença do nobre Presidente da Associação dos Empresários da Zona Norte, nosso
amigo, Idenir Cecchim; agradecemos às lideranças do comércio, moradores,
lideranças comunitárias, enfim a todos que nos brindaram com suas presenças
nesta tarde. Os agradecimentos da Câmara Municipal, que é a Casa de todos os
senhores e senhoras. Continuem nos visitando, reivindicando, porque nós estamos
aqui para trabalhar pela população.
O Ver. Guilherme Barbosa,
Líder do PT, tem uma comunicação importante a respeito.
O
SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a nossa assessoria comunica que, em contato
com o gabinete do Sr. Vice-Prefeito José Fortunati, que esta reunião com a comunidade
e a comissão de Vereadores está agendada para sexta-feira às 14h30min, se
houver o acordo de todos.
O
SR. PRESIDENTE: De minha
parte não há problema, comunicaremos oficialmente as Lideranças para estarmos
lá na sexta-feira, às 14h30min.
Então, saiam com a notícia de que a
Câmara, através de uma comissão oficialmente constituída, estará com o Sr.
Prefeito, com pauta exclusiva da questão da Assis Brasil, questão
importantíssima daquela população. Muito obrigado.
Suspenderemos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os
trabalhos às 15h05min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 15h06min):
O Ver. João Verle solicita licença para tratamento de assuntos particulares no
dia de hoje.
(Obs.: Foi aprovado o
Requerimento de licença do Ver. João Verle e dada posse ao Suplente, conforme
consta da Ata.)
O
SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, por motivos óbvios, não fiz esta Questão de Ordem
anteriormente. Quando temos Sessões como esta no Plenário, com lideranças
populares, sindicais e comunitárias, normalmente, ao menor indício de aplauso,
a Mesa adverte os presentes com base no Regimento, de que isso não é permitido.
Na tarde de hoje, em que tínhamos empresários, lideranças empresariais, em
nenhum momento a Mesa advertiu, inclusive o Ver. Isaac Ainhorn, na Mesa, bateu
palmas. Quero saber, então, já que os aplausos mudam de lado, se amanhã ou
depois, quando os aplausos podem ser do outro lado, se a Mesa vai permitir o
mesmo tipo de liberalidade que permitiu hoje?
O
SR. PRESIDENTE: É
inteiramente procedente a Questão de Ordem de V. Exa. Este Presidente tem a
conduta de, na hora do errar, reconhecer seu erro. Foi uma falha da
Presidência, que assumo integralmente. O Regimento não permite nem aplausos nem
vaias. Penitencio-me, com toda a humildade, pela omissão desta Presidência.
O
SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, desejo contraditar a Questão de Ordem do Ver. José Valdir e o
posicionamento de V. Exa. Se os Vereadores aplaudirem, o público também pode
fazê-lo. Não há como diferenciar o aplauso do Vereador - e o Vereador sempre
pode aplaudir.
O
SR. PRESIDENTE: Eu só
queria retificar uma coisa na Questão de Ordem do Ver. José Valdir, quando deu
a entender que foi a presença dos empresários que teria proporcionado o
“cochilo” da Mesa. Acho que V. Exa. não o disse de má-fé, nem poderia, mas
quero retificar essa parte, não se trata de empresários ou não. Foi um cochilo
do Presidente. Respondendo, para finalizar a Questão de Ordem do Vereador, o
Regimento, a partir de agora, será cumprido. Qualquer outra manifestação, seja
de empresário ou operário, o Regimento será cumprido, ou seja, eu pedirei aos
presentes que não exercitem, sejam aplausos ou vaias.
O
SR. JOSÉ VALDIR: Sr.
Presidente, eu quero elogiar a grandeza de V. Exa., sua humildade, e isso que
tornam, cada vez mais, legítimas as suas ações, na Mesa, além de legais,
exatamente porque V. Exa., quando se faz necessário, sabe reconhecer e voltar
atrás. Esse é mérito que V. Exa. tem. Esclarecendo ao Ver. João Dib, a questão
central que levantei não foi o aplauso do Vereador, mas foi a questão do
Plenário. A questão dos empresários, eu aceito como sendo uma mera
coincidência. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE: E foi
uma mera coincidência. Então, encerrando o assunto, a partir de agora, faremos
valer os termos regimentais, que são claros. Está presente a Sra. Ana Paula
Mota Costa, Presidente da Fundação de Educação Social e Comunitária, FESC, que
vai nos falar acerca dos cortes de verbas federais destinados a programas de
assistência social no Município e as conseqüências de tais medidas para a
política de assistência em Porto Alegre. Também comunico aos Srs. Vereadores
que me foi entregue um pedido de licença, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, Líder do
PSDB, em nome da sua liderada, Ver.
Annamaria Gularte, para tratamento de saúde no período de 17.03 a 15.04. Junto
com o pedido está o atestado médico.
(Obs.: Foi aprovado o
Requerimento de licença da Vera. Annamaria Gularte e dada posse ao Suplente,
conforme consta da Ata.)
Com a palavra a Sra. Ana
Paula Mota Costa, Presidente da Fundação de Educação Social e Comunitária -
FESC-.
A
SRA. ANA PAULA MOTA COSTA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é com muito prazer que estamos nos
pronunciando neste espaço junto a Câmara de Vereadores. Pelo Requerimento do Ver.
Renato Guimarães e por aprovação de todos os Srs. Vereadores, nós podemos
tratar de um assunto tão importante quanto a política de assistência social no
nosso País e os efeitos dessa política aqui na nossa Cidade de Porto Alegre.
Efeitos esses que agravam a situação de miséria em que vive a nossa população,
que é conseqüência de toda uma situação no País que vem se agravando e que
engrossa cada vez mais o contingente de pessoas que necessitam ser atendidas
por uma política de assistência social e que, principalmente, têm direito a
essa política. Estamos aqui, portanto, para esclarecer sobre fatos que vêm
sendo veiculados na imprensa e vêm sendo notícia nacional relativamente aos
cortes que foram feitos no orçamento da União exatamente para essa área.
Em primeiro lugar, gostaria
de historiar o que são os convênios que mantemos em Porto Alegre na área da
assistência social, financiados pelo Governo Federal. Segundo a Lei Orgânica da
Assistência Social, o financiamento do sistema de assistência social se dá através
das três esferas de governo, União, Estados e Municípios, e isso vem sendo uma
grande luta dos Municípios brasileiros, das entidades sociais e das camadas
organizadas da população para que aumente a participação da União nesse
financiamento, visto que não tem sido, já há alguns anos, uma prioridade do
Governo Federal, o investimento na área de assistência social, a efetivação de
uma política de assistência social.
Como é do conhecimento de
todos, o financiamento da assistência social tem origem nos recursos da
securidade social, assim como os da saúde e da previdência. Esses recursos da
securidade social devem financiar esse tripé de políticas: saúde, assistência e
previdência. Desde o surgimento do fundo de estabilização fiscal, vários desses
recursos estão sendo retirados da securidade social para o fundo de
estabilização fiscal, ou seja, já vem acontecendo, há um bom tempo, a retirada
de recursos que são de contribuições de trabalhadores e empresas, destinados à
securidade social, que estão sendo utilizados em outras políticas do Governo
Federal, especialmente na estabilização da moeda nacional e no pagamento da
dívida externa, que é a prioridade estabelecida pelo Governo Federal. Desde o
final do ano passado, tivemos a notícia, então, que além dessa dificuldade de
financiamento na área, que já era bastante grande, haveria um corte nos
convênios mantidos há alguns anos pela Secretaria Nacional de Assistência
Nacional, órgão ligado ao Ministério da Previdência e Assistência Social. São
três modalidades de convênios, sendo a primeira os convênios de ação
continuada; são convênios, alguns deles que algumas entidades mantêm há cerca
de vinte anos, especialmente as que trabalham com pessoas portadoras de
deficiência, e que eram mantidos inicialmente pela antiga LBA. Com a extinção
desse órgão, foram estadualizados, era então o Governo do Estado que os
gerenciava, ou seja, os recursos eram passados da União para os Estados, e os
Estados repassavam diretamente para as entidades, desde o ano passado foram municipalizados,
ou seja, cabe ao Município, através do Conselho Municipal de Assistência
Social, gerir os recursos que vêm direto do Fundo Nacional de Assistência
Social para os Fundos Municipais de Assistência Social. Aqui, em Porto Alegre,
nós assumimos esse gerenciamento desde o início do ano passado. Esses convênios
de ação continuada se dividem em três modalidades; o atendimento de creches e
sua manutenção, o atendimento a pessoas portadoras de deficiência e o
atendimento a idosos. Esses recursos de ação continuada têm caráter de
manutenção de programas de forma continuada, ou seja, presume-se que o
atendimento para a manutenção desses programas depende permanentemente dos
recursos da União, de forma sistemática, continuada, dificultando muito todas
as ações que signifiquem corte, atrasos, ou impossibilidade de dar continuidade
a um atendimento que é de crianças, idosos, ou de pessoas portadoras de
deficiências que freqüentam essas entidades. Já desde o ano passado e do ano
retrasado ainda, esses atrasos dificultaram muito o trabalho dessas entidades.
A parcela do mês de dezembro ainda não foi repassada para o Fundo Municipal.
Tivemos a notícia do Governo Federal que essa parcela não virá, pois faz parte
já dos cortes, e que as parcelas de janeiro e fevereiro deste ano também serão
cortadas.
Vou deter-me aos números
desse convênio de ação continuada e após passaremos aos demais convênios. A
expectativa de recursos para 1998 desse convênio era de dois milhões,
oitocentos e setenta e seis mil, trezentos e setenta e cinco reais e setenta e
oito centavos. A parcela do mês de dezembro que não foi repassada era de
duzentos e quarenta mil, quinhentos e trinta e um reais, sendo repassado
efetivamente dois milhões, seiscentos e quarenta e cinco mil, quatrocentos e quarenta
e quatro reais. Esse foi o recurso que recebemos e executamos no ano de 1998.
Estão previstos para 1999 no programa de Creche e Manutenção, oitocentos e
trinta e oito mil, novecentos e quarenta e nove reais. No programa de apoio à
pessoa idosa, cento e noventa e quatro mil e cinqüenta e cinco reais, no
programa de Proteção à Pessoa Portadora de Deficiência, oitocentos e sessenta e
um mil, duzentos e cinqüenta e nove reais, perfazendo um total de dois milhões,
seiscentos e quarenta e cinco mil, oitocentos e quarenta e quatro reais, que
foi o recebido no ano passado, além de dois milhões, oitocentos e oitenta e
seis mil reais, que é o que deveríamos receber, está previsto para recebermos
no ano de 1999, um milhão, oitocentos e noventa e quatro mil duzentos e
sessenta e quatro reais. Essa perda é diferenciada entre os vários programas,
em termos de percentual, mas faz uma média de trinta e cinco por cento de
cortes, entre esses, três programas: pessoas portadoras de deficiências, idosos
e creches.
Vou citar alguns exemplos de
entidades que executam esse programa e que serão prejudicadas. No trabalho com
idosos: Amparo Santa Cruz Orianópolis, SPAAN, Sociedade Humanística Padre
Cacique, Associação Comunitária Barro Vermelho, Associação Social Dom Orione, etc.
Essas entidades comunitárias trabalham com idosos em atendimento em meio aberto
e em meio asilar.
Outro programa que
mantínhamos com o Governo Federal, também repassado via Fundo Municipal de
Assistência Social, é o Programa Brasil Criança Cidadã, que constava entre as
prioridades do Governo Federal até o final do ano passado e destinava-se,
basicamente, ao atendimento de crianças de sete a quatorze anos, em atendimento
sócio-educativo em meio aberto, em atividades de extraclasse, de combate ao
trabalho infantil, etc.
O “per capita” desse
Programa é um pouco mais alto do que o da Ação Continuada, de vinte e cinco
reais, embora também ainda não seja suficiente para a manutenção das entidades,
mas nós tínhamos quatro mil, quinhentas e quinze metas/mês, ou seja, quatro
mil, quinhentas e quinze crianças atendidas. O total/mês era de cento e doze
mil, oitocentos e setenta e cinco reais, perfazendo um total/ano de seiscentos
e noventa e sete mil, oitocentos e setenta e cinco reais. A notícia que temos é
de corte total desse programa em nível Federal, portanto Porto Alegre não será
mais beneficiada por ele. Nós recebemos seis parcelas referentes a esse
programa, no ano passado, perfazendo um total de seiscentos e noventa e sete
mil.
O outro
convênio que mantínhamos com o Governo Federal era o de abrigagem para crianças
e adolescentes. Esse programa, embora seja uma ação continuada, ou seja, as
crianças permanecem nos abrigos, o que depende de um financiamento continuado,
todo o mês, não constava do Programa de Ação Continuada que eu referi
anteriormente e que era financiado há mais tempo pelo Governo Federal. O
Programa de Abrigagem era mais recente e não tinha esse caráter de
continuidade, tendo só quatro parcelas sido repassadas no ano passado, mas com
trinta e cinco reais de “per capita”, e nós, aqui em Porto Alegre, temos
trezentos e quarenta e cinco metas, perfazendo um total de doze mil e setenta e
cinco reais, o que deu, no ano passado, quatro parcelas de noventa e seis mil e
seiscentos reais. Com esse conjunto de recursos repassados no ano passado,
tivemos três milhões, seiscentos e oitenta mil, oitocentos e cinqüenta reais.
Este ano, os cortes desses recursos equivalem a 51,38% do total do valor do ano
passado, ou seja, mais da metade dos recursos repassados para Porto Alegre na
área de assistência social no ano de 98, que não foram suficientes, dada a
necessidade social que podemos observar em todos os cantos da nossa Cidade e
dado ao valor “per capita” muito baixo para o financiamento de programas, tendo
em vista os custos dos programas na área de assistência social que não são
baixos, porque buscamos um nível de qualidade maior do que o executado. Podemos
perceber que diante dessa realidade ainda temos 51% de cortes.
Este
momento é oportuno para que os Vereadores aqui presentes tomem conhecimento
dessa realidade e possam, no espaço que dispõem, engrossar a mobilização que
começa a ocorrer em todos os Estados do Brasil, liderados por Minas Gerais, Rio
de Janeiro, São Paulo, tendo em vista esses cortes.
Aqui no Estado nós teremos,
amanhã, quinta-feira, uma caminhada, coordenada pelo Fórum de Entidades
Não-Governamentais, que vai denunciar essa situação de cortes e que parte da
Av. João Pessoa, na Redenção, às 17h. Há um ato público na Esquina Democrática.
Temos, também, no dia 25 deste mês, uma audiência pública na Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, que deve discutir esse assunto. E
contamos também com o encontro, que deve ocorrer no dia 25 ou 26 da semana que
vem, em Salvador, de secretários municipais de assistência social do País, que
deve, também, contar com a presença do Ministro da Previdência e Assistência
Social, e deve discutir o impacto desses cortes na política nacional e buscar
outras providências. O que nós temos a acrescer ainda é que é importante que se
reflita sobre o quanto é nefasto fazerem-se cortes e deixar-se de financiar uma
política pública como a de assistência social, como a de saúde e como a de
educação num país como o nosso, onde o estado de bem-estar social, que deve
estar funcionando para poder fazer frente a momentos de crise social como a que
estamos vivendo, não está, ainda, formado e trabalhando de uma forma efetiva.
Temos, de fato, direitos garantidos constitucionalmente, políticas públicas a
que todos os cidadãos têm direito, mas não temos um funcionamento previsto, em
nível de estrutura estatal, para dar conta dessa políticas, e agora vemos,
ainda, cortes nos financiamentos dessas políticas. A gravidade do assunto é
muito grande e se faz premente o posicionamento dos Srs. Vereadores sobre esse
assunto. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O
Ver. Renato Guimarães, requerente, está com a palavra.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, Sra. Ana Paula Costa, Presidente da FESC. Em
primeiro lugar, gostaria de destacar, em relação aos cortes do orçamento da
União, que o que diz a chamada para a qual as entidades de Porto Alegre estão
sendo conclamadas pela Presidente da FESC para o dia de amanhã, é: “Os verdadeiros
cortes que levam à morte”. O Governo Federal optou por uma saída para enfrentar
a crise, que é sacrificar o seu povo. Está fazendo cortes significativos na
área de assistência social, na área da saúde, na área da educação. Porto
Alegre, já havíamos anunciando, na área da educação havia perdido, no ano de
97/98, verbas significativas, e com os cortes, a situação piora. O que destaco
nisso é que o discurso atual das autoridades federais aponta para um rumo,
dizendo que serão necessários sacrifícios, mas que a parcela do povo que já vem
pagando a conta, não pagará. Aí, pergunto: quando, nos cortes de verbas, se
termina com um programa chamado “Brasil Criança Cidadã”, que é um programa
prioritário, que o Governo vinha defendendo, um programa para atender às
crianças, o que está se tentando fazer com essa população? Em segundo lugar, eu
gostaria de fazer o registro de que não é só a Câmara de Vereadores, não são só
os movimentos sociais que estão chamando a atenção para este momento. O
Presidente do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, faz a seguinte
afirmação: (Lê.) “É incompreensível a decisão da União de retirar repasses na
área da educação, atingindo a merenda escolar.” Ele também critica o remanejo
de verbas, de programas de defesa dos direitos das crianças e adolescentes para
cobrir despesas de manutenção do Governo Federal e que isso sacrifica o povo
pobre desta Nação para mandar dinheiro para o exterior para pagar a dívida,
para continuar alimentando essa ciranda em que o País está.
Gostaria, também, de
destacar, - como a Presidente da FESC falou, e é interessante que os Vereadores
de Porto Alegre estejam atentos para isso - que o conjunto dos secretários
estaduais das áreas de assistência e de saúde, de prefeituras,
independentemente de partidos políticos, estão lançando um movimento nacional
em defesa dessas verbas, que elas não sejam retiradas dessas áreas, porque nós
estamos entrando na mais séria crise que este País já viveu. Mas a denúncia que
temos que trazer aqui, o agravante, é que com tudo que está sendo anunciado em
relação à crise econômica, a ação do Governo Federal vai piorar muito mais essa
situação, retirando verbas significativas. A matéria diz que os cortes na área
da assistência serão de 2 bilhões. Este será o montante cortado do orçamento
federal para a assistência social. Isso atinge os idosos que estão sendo
atendidos em programas públicos, crianças e adolescentes de rua.
É responsabilidade deste
Legislativo somar-se a essa luta nacional em defesa dessas verbas, que são do Município
de Porto Alegre e, principalmente, são de crianças, de adolescentes, são de
idosos, são de famílias que precisam da assistência social neste momento, pelo
agravamento da crise.
Queremos chamar a atenção
daqueles que nos ouvem, Vereadores e cidadãos desta Cidade que nos acompanham
através da “TV-Câmara”, que segmentos sociais de Porto Alegre começam a se
movimentar para protestar contra esses cortes de verbas para a área social. Eu
gostaria de fazer um chamamento para o ato em repúdio a esses cortes, que terá
o nome de ‘Os cortes que levam à morte’, onde o Governo Federal está tirando
dois bilhões de reais da área social. O Fórum Municipal dos Direitos da Criança
e do Adolescente e demais entidades do movimento vêm denunciando e vêm chamando
a sociedade para este ato que realizar-se-á sexta-feira, dia 19, às 17 horas,
com concentração no Parque da Redenção e caminhada até a Esquina Democrática.
Eu destaque isso para dizer
da importância de nós, os trinta e três Vereadores, nos somarmos a este ato e também
ao movimento junto à Secretaria Nacional de Assistência Social para evitar que
ocorra o que a Presidente da FESC anunciou, que é, nada mais e nada menos, do
que o corte de 50% dos recursos destinados aos programas sociais da Instituição
para este ano. Isso é muito grave. Nós estamos falando de 50% de cortes em
programas que tinham parceria com o Governo Federal. Isso é uma redução muito
grande e nós sabemos qual vai ser o impacto desses cortes nas creches
comunitárias, nos abrigos, nos asilos, nas clínicas conveniadas com o poder
público para atender idosos. Temos que nos mobilizar e nos manifestar contra
isso.
No Rio de Janeiro, alguns
desses cortes já estão efetivados, e existem entidades que já encerraram o seu
atendimento à população. Nós, aqui em Porto Alegre, ainda não estamos nessas
condições, mas devemos ficar alerta para não permitir que essa situação se
instale, para evitar, Ver. Pedro Américo Leal, evitar sim, fazendo pressão
junto à Secretaria Nacional de Assistência Social para que esses cortes não se
efetivem e para que possamos, como é o nosso dever aqui nesta Casa, garantir
que os programas na Cidade de Porto Alegre continuem existindo, atendendo
crianças, idosos, pessoas portadoras de necessidades especiais. Eu acho que é
dever nosso, Ver. João Dib, além de lutar pela infra-estrutura da Cidade, pelas
questões das obras, é dever nosso garantir o atendimento de crianças, jovens,
idosos, pessoas portadoras de necessidade especial. Foi com esse intuito que
nós convidamos a companheira Ana Paula para vir aqui para nos alertar sobre o
tamanho do corte e o que ele vai causar à Cidade de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Luiz Braz está com a palavra.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver.
Paulo Brum no exercício da Presidência, Sra. Ana Paula Mota Costa, Presidente
da Fundação de Ocupação Social e Comunitária, FESC, Srs. Vereadores, senhores e
senhoras. No ano passado, eu me lembro, Ver. Pedro Américo Leal, quando foi
lançado o Programa Criança Cidadã, da dificuldade que tivemos para convencer o
Município de que ele deveria entrar no Programa, por um simples motivo: os
recursos desse Programa Criança Cidadã vinham do Estado. A própria Presidente
já disse, os recursos vinham da União, endereçados para o Estado, e o Estado
então, através de convênios, repassava para os diversos municípios. O Município
de Porto Alegre não queria entrar porque ia receber o dinheiro do Estado No ano
passado, uma das outras coisas que nós víamos - inclusive, eu tive a
oportunidade de participar de um debate na Rádio Gaúcha com a Presidente - diz
respeito às crianças abandonadas nas ruas. Nós passávamos constantemente no
Centro da Cidade e víamos as crianças atiradas nas ruas, em altas horas da
noite, depois das 10h, uma quantidade infinda de pessoas idosas sentadas, sem
ter para onde ir, em plena Rua da Praia. Srs. Vereadores, o Programa de Ação
Continuada, que atende idosos e crianças abandonadas, recebeu, no ano passado,
cerca de quinhentos mil reais/mês, mais ou menos por volta disso. Eu pergunto:
O que foi feito com esse dinheiro, já que eu vi tanta criança abandonada sem
nenhum tipo de atendimento? Ver. Pedro Américo Leal, nós votamos o Orçamento,
enviado pelo Executivo, de dezessete milhões de reais, que é o Orçamento da
FESC. Quanto desse dinheiro é aplicado nos programas de assistência às crianças
e aos idosos? É claro que nós não somos favoráveis a nenhum tipo de corte, mas
temos poucos recursos para fiscalizar o Executivo. Desde o ano passado, V. Exa.
está lembrado, Ver. Pedro Américo Leal, eu solicitei, enquanto Presidente da
Casa, condições para que o nosso
sistema de informática pudesse estar ligado ao sistema da Prefeitura, para que
a fiscalização pudesse ser feita com constância e, até hoje, isso não foi
feito. Nós não temos a oportunidade de fiscalizar os dados, imediatamente.
Então, com todas essas dificuldades que nós temos para fiscalizar, é claro que
nós somos contrários aos cortes que são efetuados. É claro que nós temos a
obrigação de perguntarmos, pelo menos aos Presidentes, e isso, na verdade, é
levado muito mais para o campo do Orçamento Participativo do que para esta
Casa, quando é esta Casa que tem oficialmente, legalmente, o dever e o direito
de fiscalizar os dados relativos aos gastos que são feitos com crianças e idosos.
Eu tenho, por exemplo - já que a Presidente está aqui, aproveito para colocar
-, uma informação, e até gostaria de pedir ajuda da própria FESC para a solução
do problema. A SPAM, de dois anos para cá - sabe-se que lá não tem nenhum rico,
os velhinhos que estão lá são pobres -, está com uma dívida no DMAE muito
grande, Ver. Pedro Américo Leal, exatamente porque aquela tarifa social que
existia antigamente agora não existe mais, e o pessoal da SPAM está com sérios
problemas. Lá o idoso também não é tratado? Lá também o problema do idoso é
tratado. Eu coloco que essa preocupação trazida à Casa é também uma preocupação
de todos nós.
Eu peço à Presidente que nos
ajude a ter os dados contábeis para fiscalizarmos os recursos que entram nas
contas do Município, para que possamos fiscalizar os gastos desse Programa,
para que possamos ajudar mais nessas ações que a FESC tem que fazer no campo
social. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cláudio Sebenelo está com a palavra.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Nós temos a honra de receber, nesta tarde, a Sra.
Ana Paula Mota Costa, Presidente da Fundação de Educação Social e Comunitária.
Assunto: manifestação acerca de cortes de verbas federais destinadas a programas
de assistência social no Município e as conseqüências de tais medidas para a
política de assistência em Porto Alegre. A Sra. Presidente da Fundação, na sua
exposição, e todas as pessoas que dependem de qualquer tipo de assistência
social no Município têm toda a solidariedade no que diz respeito a qualquer
tipo de corte, seja na área da assistência social, na área da saúde, na área da
educação ou na área de saneamento básico. Quero adiantar à Senhora Presidente
que eu trabalho na área da saúde e, realmente, é outra área extremamente
delicada, assim como são todas as áreas sociais. No entanto, 95% do que se faz
em saúde na Cidade de Porto Alegre é feito pela União e pelo Estado. Os grandes
complexos hospitalares, as grandes estruturas de postos de saúde,
indiscutivelmente todos eles têm origem, inclusive nos postos de saúde da
própria Prefeitura e seus funcionários, em recursos do Estado do Rio Grande do
Sul e da União, por repasses não só de imóveis, mobiliário, pessoal e verbas,
mas também é fundamental que se saiba que, mesmo com a aplicação de verbas da
Prefeitura, só na área da saúde, que é uma área também social e delicadíssima,
onde a assistência social tem um papel relevante e imprescindível, temos apenas
essa cifra de 95%. Certas manifestações, muitas vezes, são parecidas com
abutres que se alimentam de carne em decomposição. Alguns políticos gostam
muito da crise para dela tirar proveito pessoal e fazer proselitismo político.
Definidas estas primeiras
idéias, ficamos profundamente revoltados quando, há dois anos, o próprio Paço
Municipal tentou, de todas as formas, prejudicar o Albergue Dias da Cruz,
quando processou o Albergue Dias da Cruz pelo fato de o Albergue ter alugado
uma parte para uma revenda de automóveis, de onde tirava recursos para sua
folha de pagamento, não só do Albergue, mas de creches e uma escola primária.
Queremos saber quais os percentuais - esta é a minha grande pergunta - com que
entram União, Estado e Município na FESC? E como fica, nos meses de junho,
julho e agosto, a Ronda Noturna, com as pessoas desagasalhadas, numa época de
frio, e de onde se origina esse convênio e com qual percentual, nesta rubrica,
entra a Prefeitura Municipal? Esta é a minha formulação.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A
Presidenta da FESC, Sra. Ana Costa está com a palavra.
A
SRA. ANA PAULA MOTA COSTA:
Gostaria de esclarecer que eu disse que a caminhada convocada para o Foro de
Entidades era amanhã, dia 19; é sexta-feira, dia 19.
Em primeiro lugar, quanto às
colocações do Ver. Luiz Braz em relação ao Programa Brasil, Criança Cidadã, o
Município de Porto Alegre, não fazíamos parte desse Programa. Foi a colocação
inicial. Acredito que o Vereador deve estar confundindo com o Programa Piá
2.000. Este, sim, é executado com recursos do Governo Estadual, e o Município
de Porto Alegre, no ano passado, não mantinha convênios com esse Programa. Com
relação ao Criança Cidadã, nós mantemos convênio e o que foi feito com esse
recurso foi, como eu disse, atendimento a crianças, atendimento sócio-educativo
em meio aberto, que é extraclasse. A grande maioria dos recursos foi utilizada
em convênios com Entidades Não-Governamentais. Vou citar alguns exemplos:
Associação dos Moradores da Vila Nossa Senhora de Fátima, Conselho de Pais da
Sagrada Família; Clube de Mães Novo Mundo; Clube de Mães Rubem Berta, e
entidades desse caráter. Respondendo ao Vereador, a FESC mantém uma série de
programas para crianças e adolescentes de rua, e também adultos que estão na
rua. Seria muito longo eu explicar aqui todos esses programas, mas casualmente
nós temos o balanço de 1998, que dispõe todos os atendimentos que foram feitos
em todos os programas, no jornal da FESC. A publicação deve ter sido entregue a
V. Exas., que podem observar todas as ações de 1998, descritas com os números
de atendimentos realizados.
Aproveito para responder ao
Ver. Cláudio Sebenelo de que, de fato, o orçamento da FESC é utilizado nesses
programas. Ele totaliza 17 milhões de Reais, sendo que 1 milhão 323 mil 208
Reais em subvenções sociais, seriam os recursos executados em convênios; os
demais recursos do orçamento da FESC são utilizados na manutenção dos programas
próprios, e na manutenção da estrutura administrativa, que também se volta ao
atendimento dos programas. Esse percentual não foi calculado aqui, mas num
orçamento de 17 milhões de Reais nós vamos contar este ano com 1 milhão e 800
mil Reais de financiamento da União, se todas as parcelas vierem.
Em relação ao Estado, nós
tivemos até o ano passado convênios muito pontuais, não significativos em
termos orçamentários. Um deles foi o convênio da Operação Inverno, onde o
Estado nos repassou 15 mil Reais e nós pudemos, com isso, acrescer os recursos
para a Operação Inverno e para a manutenção do plantão de atendimento noturno
durante o inverno, além da abrigagem de 600 moradores de ruas nos nossos
abrigos e nos abrigos conveniados. Essas 600 pessoas em situação de emergência
foram atendidas através de um programa de acolhimento à população. Nós mantemos
dois abrigos durante o ano todo: o Abrigo Municipal Marlene- Abrivivência, com
85 vagas, e o Bom Jesus, com 78 vagas. Mantemos ainda convênio com o Abrigo
Dias da Cruz, durante o inverno, e com o Abrigo Felipe Diehl, durante todo o
ano, garantindo 60 vagas. E eles atendem 90 pessoas ao todo. Então, de fato, a
rede de assistência social na nossa Cidade é bastante significativa, não fosse
uma realidade social tão grave como a que vivemos em que cada vez mais pessoas
acabam indo para as ruas. A situação de as pessoas irem para as ruas é o estágio
máximo do processo de exclusão social que vivemos. A FESC não atende só às
pessoas que estão nas ruas, mas também às que estão em situação de miséria nas
vilas, na periferia da nossa Cidade.
Nós sabemos, pelo processo
de atendimento, o quanto a situação de ida para a rua é o estágio máximo da
degradação e da falta de cidadania em que vivem as pessoas. Então, todos os
nossos programas buscam o atendimento a essa população. Isso eu acredito que
possa ser observado nesse nosso balanço de 1998 e, de qualquer forma, sempre
pode ser esclarecido na medida da solicitação dos Vereadores, como já ocorreu
em alguns momentos.
Em relação à situação
específica da tarifa do DMAE, eu posso dizer que, à medida que a entidade nos
procure, e várias entidades nos procuraram ao longo desses anos, por situações
específicas em relação ao DMAE, nós encaminhamos a este Departamento com a
possibilidade de que existe, lá, a negociação dos valores devidos. Isso tem
sido tratado com muita sensibilidade e têm sido encaminhadas as soluções dos
problemas das entidades. Eu acredito que possa ser feito o mesmo.
Em relação ao que vai ser
feito neste ano com a ronda noturna, questão levantada pelo Ver. Cláudio
Sebenelo, nós gostaríamos de dizer que, desde o ano passado, a ronda não existe
mais, isso em virtude da desativação do programa por parte do Governo do
Estado. O que existe é o que chamamos de operação inverno, que é uma operação
significativa. Como eu disse, foram abrigadas seiscentas pessoas além das vagas
normais de abrigagem.
Há também o serviço que chamamos de plantão noturno que, além do
serviço que temos durante todo o ano, que se chama atendimento social de rua,
atende aos chamados da população em geral para acompanhamento de populações na
rua. Nós mantemos esse serviço no inverno e acrescemos a isso um plantão que
ocorre durante a noite, onde mantemos uma equipe que, sendo acionada pela
população em geral, vai e aborda as pessoas e as convida, buscando trazê-las
para serem abrigadas.
Então, sobre isso, nós já
estamos em tratativas com o Governo do Estado para compartilhar o financiamento
da operação inverno. Durante os meses de inverno estaremos realizando essa
operação, desde já, muito preocupados com o volume de pessoas que já estão na
rua neste período agora do ano, já estão acrescidas nos nossos levantamentos
que temos, permanentemente, do número de pessoas nas ruas. Já nesta época do
ano se observa o crescimento dessa população. O nosso inverno deve trazer
problemas sérios e precisamos estar preparados. Já começamos o planejamento
desde agora. Era isto.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Passamos
para o segundo bloco. Com a palavra o Ver. Adeli Sell.
O
SR. ADELI SELL: Sr.
Presidente; Sra. Ana Paula, Presidente da FESC. Em primeiro lugar gostaria de
parabenizar V. Sa. pelo trabalho que desenvolve diante dessa Instituição, com
os parcos recursos que o Município tem para a área social e com as dificuldades
que estamos encontrando neste momento, pois já tínhamos parcos recursos vindos
das esferas estadual e federal e, agora, com este corte brutal, sem dúvida
teremos outras dificuldades agregadas.
Quero perguntar sobre o trabalho a ser
desenvolvido neste ano, que é o Ano Internacional do Idoso. Quais as medidas
que estão sendo, quais já foram tomadas e quais pensa tomar no próximo período,
na medida em que estamos vendo que em Porto Alegre, por ser uma Capital de boa
qualidade de vida, há um processo de longevidade, pelas condições que temos
conquistado. Por outro lado, também sabemos que há parcela significativa, mesmo
em Porto Alegre, de pessoas que são excluídas socialmente, portanto têm
envelhecimento precoce, grandes dificuldades na área da saúde, na área social.
Gostaria que houvesse um aprofundamento desta questão, já que estamos neste Ano
Internacional do Idoso. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Cyro Martini.
O
SR. CYRO MARTINI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sra. Presidente da FESC, apraz-me, sobremaneira,
ter a oportunidade de destacar, por razões de justiça, exclusivamente por
razões de justiça, o trabalho desenvolvido pela Fundação, do qual eu sou uma
pequena testemunha, com relação ao idoso. O trabalho que a FESC tem
desenvolvido, envolvendo o idoso, merece, sem dúvida, o nosso apoio e o nosso
destaque. O idoso, antes de tudo e sobretudo, precisa dispor de espaço social e
administrativo, através do qual ele possa noticiar e levar às autoridades os
problemas que o aflige. Nesse sentido a FESC tem um trabalho digno de nota,
porque não é um trabalho feito de modo aleatório; é um trabalho feito de modo
planejado, de modo sistemático e organizado.
Eu tive a oportunidade de
conversar com muitos dos idosos que participam das promoções que lhes dizem
respeito, levadas a efeito pela FESC, e tenho notado quão alegres, quão
satisfeitos eles se sentem com essa iniciativa, o que nos deixou deveras
satisfeitos, porque vemos que há uma instituição que se preocupa com o idoso.
Temos hoje no País, segundo os últimos dados do IBGE, treze milhões e meio de
idosos; em Porto Alegre, tendo por base, por ponto inicial, os sessenta anos de
idade, temos mais de duzentos mil idosos.
Temos que assinalar, aqui,
que esse trabalho merece todo destaque, porque há pessoas hoje com setenta ou
oitenta anos, e não é apenas porque elas precisam de uma casa geriátrica que
lhe ofereça melhor assistência, não é porque elas devam receber no hospital uma
atenção melhor, não é porque elas devam ficar jogadas em filas de
estabelecimento bancário, ou de atendimento médico. Não apenas por razões dessa
ordem, mas porque elas precisam de um espaço para conversar, para dialogar.
Então, promoções que dizem respeito às atividades sociais de desenvolvidas pela
FESC, parecem-me merecer toda nossa atenção e todo o nosso carinho. De outra
parte, na medida em que a FESC sofre uma redução nos seus recursos que já eram
mínimos, nós ficamos preocupados. Eu devo confessar que a mim não me
surpreende, porque é o custo da má-administração do País, inclusive econômica.
E esse prejuízo vai para a bolsa do pobre do trabalhador, do idoso, que via de
regra está no meio das pessoas que não têm recursos. E, evidentemente, se
depender do Presidente da República ele vai pagar também essa conta. E nós
temos que chamar atenção para o público, para aquela família que tem aquele
pessoa idosa, que precisa de remédio, que precisa de atenção e que não dispõe
de recurso. De outra parte, eu acho que tinha que ter um programa mais
incentivado, mas em razão do corte, nós nem podemos pedir para a FESC que
desenvolva um trabalho em relação à mulher de um modo geral mas, em especial, à
mulher que sofre violência. Pedimos apenas que dê continuidade aos programas em
andamento. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra.
O
SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Caríssima Presidente da FESC. Não pretendia me pronunciar na
tarde de hoje a respeito da FESC, mas como recebi um jornal da FESC, lembrei-me
que ouço a mesma música, regida da mesma forma, sempre com a mesma monotonia:
“Porto Alegre perde um milhão de reais na assistência social. Culpado: Governo
Federal”. Agora, não vão mais culpar o Governo Estadual, só o Federal. São
todas as vezes a mesma coisa. Se vamos ter um milhão a menos para a assistência
social em Porto Alegre, e com a experiência que só o tempo dá para a gente, eu
pegaria, por exemplo, parte dos recursos - e aqui está uma parte do Diário
Oficial da semana passada, onde são anunciados dois milhões e cem mil reais por
seis meses, e não é para todos, ainda falta muita coisa aqui, para o programa
“Cidade Viva”. Quem sabe tiramos um milhão daí e não vai faltar nada. No dia
cinco deste mês, o Diário Oficial circulou com data de 31 de dezembro e foram
suplementadas as verbas, inclusive para a FESC. É que a Prefeitura de Porto Alegre
nada em dinheiro, todos os anos tem superávit. Quem sabe usamos melhor o
dinheiro da Prefeitura e choramos menos. E veja que não queria falar sobre
isso, porque me acostumei, como Prefeito, como Secretário tantas vezes, a
administrar a escassez. Agora vejo milhões e milhões de reais, e no ano passado
investiram quinze milhões, no mínimo, em publicidade, acho que não caberia o
choro que é o editorial do jornal Repórter FESC. Saúde e Paz.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Nereu D’ Ávila): Com
a palavra a Sr. Ana Paula Mota Costa para responder aos Vereadores.
A
SRA. ANA PAULA MOTA COSTA: Em
relação à Prefeitura nadar em dinheiro o orçamento municipal é discutido
exaustivamente com a população, inclusive aqui na Câmara de Vereadores onde
sempre há a oportunidade de destinação de recursos às rubricas de entendimento
dos Senhores Vereadores.
Administrar de forma
eficiente possibilita que sempre haja a condição de pagamentos de todos os
débitos das dívidas que a Prefeitura mantém, por isso, ao final do ano, não
estamos como outras esferas de governo estão que não conseguem fechar o ano em
condições de manutenção dos programas e da própria estrutura municipal. Depois
de dez anos de administração conseguimos administrar a Prefeitura de forma
muito eficiente, talvez seja nesse sentido que estamos “nadando em dinheiro”.
Na FESC não estamos nadando em dinheiro, estamos gastando cada centavo
disponível para executar os nossos programas, e precisamos de mais recursos das
outras esferas de governo para enfrentar essa realidade social de miséria que
estamos vivendo, que cada vez gera mais exclusão social, aumenta muito o
público alvo da assistência social, não adianta os dezessete, dezoito milhões
destinados para a FESC.
Em relação a questão do
idoso, realmente estamos contentes em poder comemorar este ano o Ano
Internacional do Idoso. Vou citar algumas ações que pretendemos desenvolver
durante este ano. Em relação ao programa do idoso possuímos um dos programas
mais tradicionais, executado na FESC desde o início da fundação, que é o
programa de atendimento a grupos de convivência. Atendemos periodicamente em
torno de mil idosos, além dos que circulam nos programas dando um número bem
maior. Em conjunto com os recursos financiados pelo Governo Federal atingimos
em conveniamento mais mil, quatrocentos e noventa e seis idosos, perfazendo em
atendimento em meio aberto dois mil,
quatrocentos e noventa e seis idosos por vagas de atendimento, isso que dizer
que há um número maior em atendimentos. Em abrigo mantemos convênio com
duzentos e vinte e oito idosos atendidos, inclusive aproveito para convidar os
Vereadores para a assinatura de um convênio, eu falava há pouco com o Ver.
Lauro Hagemann que participou da discussão desse Convênio com a entidade Lar da
Amizade que atende idosos cegos, é no próximo dia 24. Além disso, vamos estar
construindo em 1999, com inauguração ainda neste ano, dependendo de nosso
cronograma de obras, uma conquista do Orçamento Participativo da plenária
temática de assistência social e saúde que priorizou os idosos, e também da
Região Noroeste de nossa Cidade que priorizou a assistência social em terceiro
lugar, encaminhando como obra prioritária o atendimento ao idoso, um centro de
convivência para idosos-dia. A idéia é haver um equipamento que possa atender
aos idosos de baixa renda que não tenham com quem ficar durante o dia, que
fiquem sozinhos em casa e que precisam de um atendimento diurno, podendo
permanecer morando com suas famílias durante a noite. Pretendemos inaugurar
esse centro ainda durante este ano, inclusive ele faz parte de um Projeto de
Lei do Ver. José Valdir que foi aprovado nesta Casa.
Em relação a solicitação do
Ver. Cyro Martini com relação ao atendimento às mulheres, apesar dos cortes,
temos muitos atendimentos às mulheres, especialmente, porque existe um fenômeno
que é a feminização da pobreza em nossa Cidade e em nosso País. Nós podemos
observar que as famílias pobres e que têm crianças nas ruas, sendo exatamente o
público alvo dos nossos programas, especialmente do nosso Núcleo de Apoio
Sócio-Familiar (NASF) que trabalha com o atendimento a famílias e com
complementação de bolsas de renda, através de bolsas-auxílio, que a grande
maioria, ou seja, 80% das famílias são chefiadas por mulheres, não contando com
a figura paterna em seu contexto. Esse é só um exemplo de como trabalhamos com
mulheres. Grande parte dos idosos que fazem parte dos programas são mulheres
idosas, sem falar do atendimento a crianças que conta sempre com a relação
direta das mães que se preocupam com o andamento do trabalho com seus filhos.
Não quer dizer que não haja também, nesse contexto, pais preocupados e
esforçados com uma boa educação e atendimento de seus filhos. A grande maioria
das pessoas com quem nós trabalhamos são mulheres e com quem desenvolvemos um
trabalho de apoio na busca de seus direitos e de sua melhor condição de vida,
não só no sentido de discussão e esclarecimento sobre esses direitos, mas
também de atendimento quando esses direitos são violados. Acredito que essa
tenha sido a intenção do Vereador, quando falou sobre a questão da violência
contra a mulher. Em nossa rede, nós dispomos de vários serviços que trabalham
com esse conteúdo de atendimento e que encaminhamos na medida da necessidade,
na medida em que as pessoas buscam esse atendimento.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Antonio Hohlfeldt está com a palavra.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT:
Senhor Presidente e Srs. Vereadores, eu queria saudar a Diretora da FESC e
expressar a ela a minha solidariedade em relação à preocupação com cortes nessa
área. Qualquer corte que ocorra sempre é preocupante. Portanto, temos que
tentar sempre unir forças no sentido de evitá-los.
Gostaria de ter alguns
informes maiores, até para poder ajudar e tentar recuperar essas verbas como se
fez em relação ao Orçamento do Estado do Rio Grande do Sul, em que os Deputados
Federais de todas as Bancadas se uniram e, mediante emendas, buscaram recuperar
os cortes anteriores. Se não alcançaram a totalidade, pelo menos conseguiram
alguma coisa. Gostaria de saber da Diretora da FESC, do total do Orçamento da
FESC investido na questão de assistência, qual a participação aproximada em
percentuais de repasses do Estado, Governo Federal e verba do Orçamento
Municipal específico, ou seja, que a própria Prefeitura investe, e se houver,
evidentemente, convênios e parcerias, como entram, em percentuais, as parcerias
de outras entidades.
Recordo-me que Projeto de
meninos de rua contou com a participação de uma série de empresas privadas na
Cidade de Porto Alegre, só para se ter uma idéia dessa composição.
Quanto a segunda questão que
eu gostaria de tocar, eu estava lendo o jornal e me preocupou, por exemplo, que
em relação aos meninos de rua, está escrito que das oitocentos e trinta e duas
abordagens, sessenta e oito crianças permanecem vinculadas a programas de
atendimento. Como não se fala o que aconteceu com as outras quase setecentas,
se retornaram para a família, se fugiram, enfim, que tipo de outro
encaminhamento foi dado em relação a essa situação? Em terceiro lugar, pediria
à Presidente da FESC para detalhar, um pouco mais, que rubricas, enfim, o que
exatamente foi cortado da parte do repasse federal. Queria colocar-me, desde
já, à disposição no sentido de tentar contribuir e junto aos Deputados da minha
Bancada, Dep. Nelson Marchezan e Depa. Yeda Crusius, verificar as situações e
tentar recompor isso, se não no orçamento do momento, ao menos através de
suplementação posterior ou coisa parecida.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Reginaldo Pujol.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quero saudar, inicialmente, a nossa convidada,
digníssima Presidente da FESC, Sra. Ana Paula Costa, que hoje comparece aqui na
Casa e, de forma tão elegante, se dispõe a esse diálogo com os Vereadores.
Elegância, essa, que tentaremos manter porque, realmente, de ambas as partes, o
que persiste é um desejo de fazer frente aos problemas, bastante delicados, que
envolvem a entidade que a Senhora preside na cidade de Porto Alegre. Tenho em
mãos a publicação “O Repórter FESC”, que é o órgão informativo da Fundação,
edição de março/abril, já na sua 14ª edição. Na primeira página estabelece que:
(Lê.) “Porto Alegre perde um milhão na assistência social e diz que os cortes
determinados pelo FMI, no orçamento do Governo Federal, aprovado em fevereiro
do corrente ano, atingiram frontalmente a assistência social. O programa
“Brasil Criança Cidadã”, que destinava verba federal aos abrigos e programas
socio-educativo das crianças e adolescentes deixa de existir. O serviço de ação
continuada que engloba os programas creche e manutenção, apoio à pessoa idosa e
apoio à pessoa portadora de deficiência, por sua vez, sofreu um corte de 35%.
No ano de 1998, deveríamos ter recebido 2,89 milhões. Deveríamos, está entre
aspas, porque a última parcela no valor de 241 milhões, correspondente ao mês
de dezembro, não foi repassada e não temos notícia de que o será. Para este ano
o Município receberá 1,89 milhões, um milhão de reais a menos do que foi recebido
no ano passado por este programa.
Depois de algumas
considerações, porque eu abrevio a leitura, diz que a Lei Orgânica de
Assistência Social - LOAS - atribui a competência prioritária do executor da
política de assistência social aos municípios; porém, o financiamento dessa
política compete aos três entes federados, com ênfase para a União, porque
arrecada a fatia maior do recurso.
A pergunta que se torna
oportuna a ser feita nesta hora e que eu quero fazê-la com o maior respeito, -
até porque, em janeiro do corrente ano, ainda na Comissão representativa,
manifestava esse tipo de preocupação, o município tem vários programas de obras
que estão contingenciados: em que grau esses recursos federais vinham
constituindo o total dos investimentos da FESC? Dá para entender que, além
desses programas que aqui são anunciados como cortados em 35%, haja alguns
outros programas que a FESC esteja desenvolvendo com outro tipo de recurso que
não com o repasse Federal. Nós gostaríamos de duas informações absolutamente
válidas na busca de um equacionamento e encaminhamento desse processo. Quanto
representam os repasses federais, nos totais aplicados pela FESC, em Porto
Alegre, nesse tipo de programa? Dá para entender que seriam 65%, não sei se é
verdadeira essa conclusão, V. Exa. pode me esclarecer melhor. Em segundo, qual
o montante dos recursos próprios do Município agregados a esse programa e quais
os recursos, se é que existem, do Estado, também agregados a esse programa, que
já se sabe que serão de responsabilidade da União, na ordem de 1 milhão, 890
mil? Isso representa trinta e cinco por cento a menos do que estaria
comprometido e não-realizado no exercício anterior.
Acredito que fui claro nas
perguntas, cumprimento Vossa Senhoria e espero que, em outras oportunidades,
possamos continuar esse diálogo altamente fecundo que se instalou na Casa, no
dia de hoje, com a sua presença. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
José Valdir está com a palavra.
O
SR. JOSÉ VALDIR: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sra. Presidente da FESC, companheira Ana Paula.
Ontem, eu tive a oportunidade de assistir a uma brilhante exposição do
Professor Dalmo de Abreu Dallari sobre a questão do pacto federativo. Ele dizia
que o esvaziamento, o enfraquecimento do pacto federativo não é uma questão
apenas para intelectuais e advogados, ele dizia que isso tem conseqüência
prática na vida de cada um de nós. Dizia uma coisa que me chamou muito a
atenção, que um dos elementos constitutivos do pacto federativo é a distribuição
de competências, que por sua vez gera distribuição e encargos. Mas, junto com
isso, tem que vir a distribuição de recursos.
Esse é o grande problema que
nós estamos vivendo hoje, os municípios, todos os municípios brasileiros. Com a
nova Constituição, nós recebemos competências e encargos e os recursos que já
não eram suficientes, agora, são alvos de cortes.
O Ver. João Antônio Dib tem
toda a razão, porque realmente é uma música monótona, monocórdia, quase igual
ao Canto Gregoriano, só que quem canta essa música não é o PT da Prefeitura de
Porto Alegre, são todas as prefeituras de todos os partidos que estão, hoje,
com competências, com encargos sem ter os recursos: é a Prefeitura de Curitiba,
porque nós vamos encontrar, lá, os meninos na rua, população na rua; a
prefeitura de São Paulo. A Sé, em São Paulo, se tornou um grande dormitório ao
ar livre e todo mundo sabe disso. Por quê? Porque não dá para nós falarmos em
exclusão social achando que algum município, por mais dinheiro que tenha, vai
conseguir combater a explosão social, porque a explosão social é um tipo de
situação que não é gerada pela política do município, depende de uma política
econômica em nível nacional. Esta política que nós temos hoje no Brasil, que é
uma política comandada de fora para dentro, é uma fábrica de explosão social, a
cada dia ela joga milhares de crianças na rua, milhares de pessoas como
população de rua e, ao lado disso, nós temos uma situação conjuntural
gravíssima, Ver. João Antonio Dib, que não é invenção do PT, eles estão aí
atingindo todos os municípios, não é Porto Alegre que está perdendo, são
diversos municípios, inclusive o município de São Paulo, que é a capital
econômica, está sendo atingido, também tem todos esses problemas sociais de
explosão, ainda maior, talvez, do que aqui. Vários exemplos foram dados, mas eu
quero citar dois: para o programa de garantia de renda mínima para as famílias
de crianças, houve um corte de 83%. As bolsas que eram para atingir 300
municípios estão reduzidas a 30 municípios. Aí eu vou usar uma expressão que a
oposição usa aqui, provavelmente, os 30 municípios ainda vão ser os “amigos do
rei” que vão receber. Então esta é uma situação que independe da corrente
partidária. Nós temos que pensar de uma maneira ampla, de uma maneira global.
A outra questão é a que está
na Folha de São Paulo do dia 16.02, anunciando um corte de 6,5 milhões no
programa de Defesa do Direito das Crianças e do Adolescente, para cobrir
despesas de manutenção da Polícia Federal, com os aluguéis atrasados, o que
motivou, inclusive, uma fala do Vice-Presidente do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente, dizendo o seguinte: “O Conselho Federal
preferiu investir na repressão do que na prevenção da criminalidade
infanto-juvenil”. E é esta a realidade do País, isto atinge Porto Alegre, óbvio
que atinge Porto Alegre, como atinge todos os Municípios. Por isso, esse ato
público que vai haver é um ato público que tem que ser integrado também pela
oposição.
Finalizando, Sr. Presidente,
eu gostaria de dirigir uma pergunta, exatamente na esteira do Vereador que me
antecedeu, sobre a questão da LOAS. Em Porto Alegre nós tivemos todo o zelo de
implantar aquelas medidas previstas na LOAS, aquelas estruturas, os fundos, eu
gostaria de saber como é que está isso aí em nível nacional e se estão sendo
repassados os recursos para os fundos. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Os
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Reginaldo Pujol e José Valdir foram os
componentes do 3º bloco. Diante da nossa combinação, de a visitante responder a
três Vereadores, a Sra. Ana Paula Costa está com a palavra para suas
considerações.
A
SRA. ANA PAULA COSTA: Em
primeiro lugar, gostaria de reforçar o que disse o Ver. José Valdir em relação
à necessidade de atuação de todos os partidos. Temos observado que esses cortes
e a situação que vive a política de assistência social no País atinge todos os
municípios e a população de todas as cidades do País. Não se tratam, portanto,
de recursos que nós, enquanto Partido dos Trabalhadores, enquanto oposição ao
Governo Federal estamos desenvolvendo em nível nacional. Inclusive o Encontro -
que eu me referi, inicialmente - Nacional dos Gestores Municipais de
Assistência Social, engloba todos os partidos, tem representação de todos eles
e deve ocorrer na semana que vem, em Salvador. É importante que as Lideranças
de vários partidos se integrem nesse movimento. Só assim nós vamos reverter de
alguma forma essa situação.
Sobre as questões levantadas
pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, o Orçamento da FESC e o percentual de recursos da
União e do Estado: o Orçamento da FESC, como os Senhores sabem, foi votado
nesta Casa, é em torno de 18 milhões de reais. Os recursos previstos para Porto
Alegre no ano de 1999 - como eu disse anteriormente -, da União, são de um
milhão, oitocentos e noventa e quatro mil reais. Portanto, em torno de 10% do
Orçamento da FESC. Em relação à previsão de recursos estaduais, até o ano de
1998, não tivemos um contingente significativo de recursos estaduais, nós tivemos
um convênio com o Estado de 15 mil reais, que deu conta da Operação Inverno.
Estamos tratando, desde já, da Operação Inverno atual, que deve ser de um
volume maior de recursos e está em tratativas com o Governo do Estado. Temos
ainda, de recursos externos, em torno de trezentos e vinte mil reais,
financiados por empresas para o nosso programa de Núcleos de Apoio à Família, o
Projeto Família, que é financiado em quatro núcleos de atendimento por empresas
privadas, e em torno de 80 mil reais para o programa de Casas Lares, também
financiado por empresa privada. Portanto, um total de 400 mil reais financiados
por empresas privadas. Estamos permanentemente buscando recursos da iniciativa
privada e de outras fontes de financiamento para acrescer ao orçamento da FESC
no atendimento de seus programas. Outro convênio que mantemos é com a UNICEF,
que tem um cronograma de um ano e meio de desembolso, de 170 mil reais. Estes
são os recursos externos. O nosso orçamento é em torno de 18 mil reais, e esses
são os recursos externos.
O Ver. Antonio Hohlfeldt
perguntava para que eu esclarecesse sobre as questões dos cortes, onde eles
estão e o que eles significam. Tínhamos previstos, no ano de 1998, para o
Programa de Ação Continuada, que é o atendimento de creches, portadores de
deficiência e idosos, 2 milhões, 886 mil, 375 reais. Esse valor efetivamente
gasto foi de 2 milhões, 645 mil, 844 reais. Para este ano estão cortados esses
valores em torno de 35%. O que está previsto para Porto Alegre é 1 milhão, 894
mil, 264 reais. O Programa Brasil Criança Cidadã, que em 1998 repassou para
Porto Alegre 697 mil, 875 reais, está cortado. Não há previsão de recursos. E o
Programa de Abrigagem, onde em 1998 foram repassadas quatro parcelas, no total
96 mil e 600 reais, também foi cortado. Portanto, ao todo, do conjunto de
recursos da União temos um corte de 51,38% em relação ao ano passado.
Em relação ao texto do nosso
jornal que refere a questão das abordagens de rua: acredito que tenha sido
usada, de forma não exatamente adequada, uma linguagem técnica que é preciso
que seja esclarecida. Foram realizadas 832 abordagens, e não crianças
abordadas. Cada criança que está nas ruas é abordada várias vezes pela nossa
equipe. Destas crianças abordadas, que pelas pesquisas que temos em Porto Alegre
são em torno de 200 meninos e meninas em situação de rua, não mais do que isso.
Este número tem se mantido porque quanto mais nós incidimos no sentido das
crianças saírem da rua, mais o processo de exclusão social tem levado também
crianças para a rua. Então, o número se mantém, apesar da incidência de
atendimento, e apesar da efetiva saída da rua de crianças e adolescentes. Esse
número de 68 encaminhado aos serviços da FESC é de crianças que passaram a ser
atendidas nos nossos programas e que ingressaram a partir do atendimento social
de rua. Isto esclarece essa diferença de números, de 800 para 68.
Em relação à Lei Orgânica de
Assistência Social, LOAS, Ver. José Valdir, é uma lei que regulamenta a
Constituição Federal no que se refere à Política Nacional de Assistência
Social. Todas as políticas sociais, e portanto as leis que regulamentam e
garantem os direitos da população brasileira em relação às políticas sociais,
têm sido cumpridas parcialmente, para não dizer não-cumpridas em nível federal.
Em nível da LOAS, nós podemos dizer que existe o Conselho Nacional de
Assistência Social, que é relativamente respeitado em suas decisões, e muitas
vezes não respeitado pelo governo federal. Os recursos federais são executados
através do Fundo de Assistência Social. Parte deles, por exemplo, os recursos
do benefício de ação continuada, destinado a idosos e portadores de
deficiência, são executados via INSS, sem decisão e sem fiscalização do
Conselho Nacional de Assistência Social. E o financiamento previsto entre as
três esferas de governo não é executado num percentual compatível à necessidade
da população. Por exemplo, só 10% do orçamento da FESC correspondem ao recurso
que vem da União. Então, pode-se dizer que não há uma prioridade do governo
federal em manutenção da política de assistência social em nível federal, o que
deveria ser no sentido de cumprimento da LOAS. Este é, em linhas gerais, o
diagnóstico que a população organizada e os municípios apontam. Há um
descumprimento da LOAS pelo não-atendimento prioritário a essa política em
nível federal. E principalmente em relação à retirada de recursos da seguridade
social para o Fundo de Estabilização Fiscal, o FEF. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O último
orador inscrito, nesta tarde, para fazer suas considerações à nobre Presidente
da FESC, é o Ver. Guilherme Barbosa.
O
SR. GUILHERME BARBOSA:
Sr. Presidente, companheira e amiga, Ana Paula Costa, Presidente da FESC, vou
ser breve, penso que todas as questões já foram amplamente debatidas e
explanadas. Quero reforçar aqui a situação complicada, difícil, porque ficamos
exatamente numa situação contraditória, não temos dúvida de que o País entra
num processo crescente de recessão, de aumento de desemprego, a dúvida é saber
a intensidade desse processo. Todos os economistas concordam com isso, de que é
uma situação muito dura e, portanto, quando isso ocorre, nós atingimos os
setores mais pobres da população, ampliando-os. Daí também a necessidade de
ampliação de recursos para políticas sociais. O que nós vemos, neste momento,
imposto pelo Fundo Monetário Nacional e Internacional, com todas essas medidas
tomadas pelo Governo Federal, é a retirada de recursos, quando nós
precisaríamos ampliá-los para essas políticas. Então, quero reforçar a
preocupação, bem como, o convite a todos os Vereadores para a manifestação de
sexta-feira, que não tem caráter partidário, é convocada pelo foro que trabalha
com a questão social da criança e do adolescente, portanto, é uma manifestação
suprapartidária. É necessário que todos estejamos lá. Nós poderíamos também
trabalhar a idéia colocada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, de procurarmos a
Bancada Federal gaúcha para, depois dela, fazermos pressão. Eu penso que nós
podemos trabalhar por aí, forçando essa pressão e convocando a população toda,
assim como aos Vereadores, a comparecerem na manifestação de sexta-feira. Muito
obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria que a Diretora da FESC nos deixasse
uma cópia desse material que ela consultou. Eu me disponho a imediatamente
fazer esse contato com o Deputado Nelson Marchezan e a Deputada Yeda Crusius no
sentido de fazer esse encaminhamento.
O
SR. PRESIDENTE:
Exercemos todas as prerrogativas regimentais da inscrição de nove Vereadores,
que se pronunciaram no tempo regimental, a nobre convidada Ana Paula Costa se
pronunciou inicialmente.
Concedo a palavra para a
Sra. Ana Paula Costa para considerações finais.
A
SRA. ANA PAULA MOTA COSTA:
Gostaria de dizer que os dados estão à disposição, já foram entregues às notas
taquigráficas os dados dos cortes de Porto Alegre, todos os Vereadores podem
ter acesso a eles.
Nos colocamos à disposição
para esclarecimentos a respeito dos cortes e do trabalho desenvolvido pela
FESC. Queremos saudar a iniciativa dos Vereadores Guilherme Barbosa e Antonio
Hohlfeldt, sobre a organização de uma comissão, um grupo de Vereadores que
busquem junto aos nossos representantes, Deputados Federais, a interlocução no
sentido de buscar mudar a situação dos cortes, esses aqui são de Porto Alegre,
mas existem cortes de relevância significativa no Estado.
Por fim, reforço o convite
para a caminhada que vai se realizar na sexta-feira, e também para a audiência
pública na semana que vem, na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa, como uma forma de organização e manifestação da população. Mais
uma vez, dizendo, de forma apartidária. A nossa movimentação não se esgota na
oposição ao Governo Federal, porque também queremos demonstrar para a população
o quanto significam essas perdas, esses cortes para Porto Alegre. Existe uma
necessidade de união, de conjugação de esforços de todos os partidos, porque de
fato estão trazendo prejuízo para a população que se faz representar nesta Casa
por vários partidos.
Era isso, agradeço a
oportunidade e mais uma vez nos colocamos à disposição dos Senhores.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Agradecemos
a presença da Sra. Ana Paula Mota Costa, digna Presidente da FESC, nesta tarde,
nesta interlocução com os Vereadores, onde foi dada oportunidade às diversas
Bancadas de se manifestarem a respeito de divergências, convergências ou
simplesmente considerações feitas à V. Sa.
Agradecemos sua presença,
disponha da nossa Casa, a Câmara Municipal, para qualquer eventualidade.
Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se os
trabalhos às 16h47min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 16h48min):
Estão reabertos os trabalhos.
Srs. Vereadores, temos
muitos vetos a serem apreciados e, a partir de agora, eles trancarão a Ordem do
Dia. Levo à consideração de V. Exas. a possibilidade da inversão dos trabalhos.
São quase 17 horas e não adianta nós atrasarmos a nós mesmos, e o bom senso
recomendaria que nós enfrentássemos a questão dos vetos e invertêssemos a seqüência
da Sessão.
O
SR. LUIZ BRAZ (Requerimento):
Sr. Presidente, é sábia a orientação de V. Exa. e seguindo esse conselho eu
solicito, através deste Requerimento, que possamos passar, imediatamente, para
o período da Ordem do Dia. Solicito, também, neste Requerimento, que logo após
os vetos, que trancam a Ordem do Dia, nós possamos passar à votação dos
Requerimentos. Pediria, outrossim, prioridade ao Requerimento da Vera. Tereza
Franco, já que ele tem um prazo que expira no dia 31 deste mês.
O
SR. PRESIDENTE: Eu
submeto o Requerimento de V. Exa. à deliberação do Plenário.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Não querendo ocupar
a tribuna para discutir o Requerimento e dizendo que V. Exa. faz um apelo
irrecusável, baseado no bom senso, eu só faço um alerta. Nós estamos deixando
de cumprir a Pauta, onde tinha assuntos importantes para serem discutidos,
exatamente porque nós comprometemos grande parte da Sessão para uma outra
finalidade que não deve ser realizada neste período, o Plenário tem que ter
cuidado ao fazer esses convites, essas convocações, porque elas geram
transtornos. São 17 horas e nós vamos ter que fazer a maior manobra para
conseguir iniciar a Ordem do Dia.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Pujol, V. Exa. toca em um ponto crucial. Eu acho que se nós analisássemos com
profundidade, mereceríamos uma autocrítica, todos. Eu lembro perfeitamente que
quando o Ver. Renato Guimarães propôs essa matéria, o único Vereador que
insistiu contrariamente, e muito, foi o Ver. Jocelin Azambuja. E ele tinha absoluta
razão. Eu não vou emitir juízo de mérito sobre a presença de quem quer que
seja, porque não me compete, mas V. Exa. toca em um ponto importante. Essas
visitas podem trazer algum benefício à Casa , mas, em compensação, esgotam uma
tarde inteira, onde temos que enfrentar prazo de vetos importantes. Portanto,
eu coloco em votação o Requerimento do Ver. Luiz Braz, pedindo inversão da
ordem dos trabalhos para entrarmos na Ordem do dia... Resguardadas as
Lideranças, diz o Ver. Antonio Hohlfeldt. Então teremos que obedecer o
Regimento.
O
SR. PAULO BRUM (Requerimento): Adendando o
Requerimento do Ver. Luiz Braz, eu requeiro que o PLL nº 144/97 com veto total
a ele aposto, Proc. 2425/97, seja colocado por último na ordem dos vetos no dia
de hoje.
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento do Ver. Paulo Brum. Os Srs. Vereadores que aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Fiz questão de utilizar esse tempo de
Liderança porque quero trazer à Casa o comunicado de uma situação que me parece
extremamente grave - o comportamento do Executivo Municipal - e quero-me
precaver em relação à votação desse Veto. Refiro-me ao Veto, equivocado na
forma e no conteúdo, do Prefeito Raul Pont a duas Emendas, apresentadas nesta
Casa, ao orçamento municipal de Porto Alegre. Uma delas, de minha autoria, é
exatamente a Emenda que, de um total de quatro milhões, novecentos e cinco mil,
e duzentos reais para transferências a instituições privadas no campo das
subvenções sociais, destina cem mil reais à APAE de Porto Alegre, que, como
todos sabem, é a Associação dos Pais e Amigos de Excepcionais, Emenda que teve
aqui, com exceção do PT, a votação unânime de todos os demais Vereadores. Não
se precisa falar a respeito da APAE, não se precisa falar a respeito da figura
do seu presidente, que é um homem de idade avançada, que poderia estar em casa,
cuidando dos seus netos, de sua família, mas que é capaz de largar o seu
conforto para ajudar o próximo. Agora, o que é nojento, e não há outro termo
para se expressar, é o que vem fazendo a Secretaria Municipal de Educação do
Município de Porto Alegre. Ontem, dezenas de mulheres, pobres, quase miseráveis
às vezes, que também saem das suas casas e deixam suas famílias para ajudar
crianças mais pobres e mais miseráveis do que elas, perambulavam pelos
gabinetes desta Casa, e devem ter visitado boa parte dos Vereadores de
oposição. Segundo o Secretário Clóvis Azevedo, o seu capacho, porque outro nome
não merece, Sr. Paulo Renato, assessor comunitário, convocou as presidentes de
creches com um fonograma que diz: “Assunto: Risco. Diminuição verba creches
conveniadas e MOVA”. Criminosa é a Emenda deste Vereador. Segundo a SMED, por
causa da rubrica de cem mil reais, que é apenas a identificação da destinação
do total dessa verba de quatro milhões e novecentos mil reais, todas as demais
entidades correm o risco de perder o dinheiro. Sabem o que dizem para essas
mulheres? Que amanhã - que seria hoje - quando seria votado esse Veto, elas
deveriam estar aqui com as crianças. Isso é um crime contra a legislação - que,
aliás, o PT gosta tanto de lembrar e mencionar que protege crianças e
adolescentes -, é usar e manipular crianças menores. Felizmente, algumas
pessoas não são tão estúpidas nem idiotas quanto pensa o Secretário Clóvis
Azevedo e a sua assessoria; felizmente, algumas presidentes de creches, ao
conversarem com alguns Vereadores e comigo, deram-se conta da manipulação de
que estão sendo vítimas; felizmente, algumas se dão conta de que a esmola
humilhante que a Secretaria transfere mensalmente a essas creches exige a
participação dos seus responsáveis nos seus cursilhos de catequização
ideológica sob pena de não fazer os repasses. Essas mulheres podem ser pobres,
podem ser miseráveis, mas não são burras e não são ignorantes. Mais uma vez, é
lamentável a manipulação que a Administração Popular, que o Partido dos
Trabalhadores insiste em fazer com trabalhadores da miséria, da pobreza, pela
necessidade que as instituições têm de auxílios, que são transformados em
esmolas humilhantes, que são transformados em maneiras de manter presas e
manipuladas as instituições. Não hoje, como espalharam para todos, porque esse
Veto é o nono na lista, não hoje, vamos examinar esse Veto, agora, no dia em
que se examinar, eu tenho a curiosidade de saber se os companheiros do PT terão
a coragem de votar contra a APAE. Aí será aquela política de jogar entidade
contra entidade. Talvez o presidente da APAE não se curve às pressões e
manipulações da Secretaria Municipal de Educação. Fica a colocação e a
expectativa quanto à manutenção ou à derrubada desse Veto. O dinheiro,
certamente, não é para mim, não é para os Vereadores, é para as crianças e adolescentes
pobres e miseráveis ligados à APAE, e contra as outras creches. Não se trata de
repartir, mas de fazer justiça a uma entidade que trabalha tão seriamente
quanto todas as outras. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Requerimento,
de autoria do Ver. Luiz Braz, solicitando que o PLL nº 079/98 com veto total a
ele aposto e o PLL 155/98 com veto parcial a ele aposto sejam votados em
primeiro lugar, já que há alguns jornaleiros presentes em Plenário. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O Ver. Guilherme Barbosa
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. GUILHERME BARBOSA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Antonio Hohlfeldt, usando o tempo de
Liderança, quis antecipar o debate sobre o Veto ao Orçamento, o que faremos
depois. É, claro, o Vereador conhece o assunto e tenta criar clima, porque
sente que fica muito difícil defender a sua Emenda na medida em que ela tem um
erro técnico forte. O Ver. Antonio Hohlfeldt é antigo na Casa e sabe disso. A
gente até duvida se foi um erro, realmente. Em segundo lugar, nós votamos antes
contra a Emenda por uma questão de método muito claro. Todos os recursos da
Prefeitura que são aplicados em políticas sociais, são discutidos,
necessariamente, na instância máxima do Município que os delibera, o Conselho
Municipal da Criança e do Adolescente. Nós respeitamos muito a APAE, e não há
quem fale do seu trabalho, mas temos de perguntar se essa entidade foi discutir
esse incremento de recursos para a sua entidade no Conselho Municipal da
Criança e do Adolescente? E de onde retira esses recursos a Emenda do Ver.
Antonio Hohlfeldt? Tira da mesma rubrica, no geral; não vem de rubrica de fora
para ampliar a aplicação de dinheiro em políticas sociais; tira de outros
programas. Se for mais cem mil reais para a APAE, vai tirar de outros programas
com o mesmo caráter, que são as creches, por exemplo. Começaram com quarenta
creches, depois subiu para setenta, cem, e agora já se está fechando acordo com
cento e dez creches na Cidade. Migalha é o que a Prefeitura consegue passar,
enquanto que o Governo liderado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, do
PSDB, retira recursos. Nem as migalhas passam mais para as Prefeituras. Para
nós, é um dinheiro importante, e as comunidades recebem esse dinheiro sabendo
que ele é importante e, a partir daí, fazem um trabalho também importante em
todas as creches. Essa é a questão. Já há outras pessoas se mobilizando.
É interessante que, quando o
Executivo se mobiliza para defender sua idéia, é um capacho. São palavras
duríssimas. Na Tribuna Popular da segunda-feira, vimos uma Liderança aqui ser
atacada brutalmente. Hoje, uma outra Liderança do PMDB, duas vezes candidato a
Deputado Estadual pelo PMDB, não foi atacado. Nós não o atacamos, porque é o
Presidente da Associação, mas sabemos que ele é do PMDB. Mas quando há uma
articulação contrária, é um ataque forte, palavras duríssimas contra as pessoas
que se mobilizam. Ora, vamos debater, Ver. Antonio Hohlfeldt, vamos aprofundar
o debate, e a Prefeitura de Porto Alegre, hoje, já repassa vinte mil reais para
a APAE, numa demonstração de respeito ao trabalho dessa entidade. Já repassa
vinte mil reais mensais para a APAE!
Portanto, é uma discussão
que queremos que seja ampliada na cidade inteira.
Quero levantar um outro tema
que é muito sério, que agride a democracia do nosso País. O senhor Senador
Antônio Carlos Magalhães, Presidente do Senado, portanto do Congresso Nacional,
tem feito um ataque crescente ao Judiciário do nosso País, que sabemos que tem
que melhorar, avançar, que tem questões que todos nós criticamos. Mas o senhor
Antônio Carlos Magalhães faz um combate frontal ao Poder Judiciário, e não é
outra a intenção desse senhor de passado que todos nós conhecemos, de vassalo
da ditadura, de defensor da ditadura. O ataque que esse senhor faz é exatamente
tentando fazer com que o Poder
Executivo Federal, que aprova o que quer no Congresso, todos sabemos, não
tenha, sequer, o controle do Poder Judiciário. É preciso que todos nós, que
defendemos a democracia, denunciemos, estejamos contra essa postura que esse
senhor Antônio Carlos Magalhães vem tomando. Há um silêncio completo, com
exceção do Ver. João Dib. Pelo jeito, pisei no calo do Ver. João Dib quando
falei em ditadura. É preciso que todos nós juntemos as vozes contra esse
processo, que é um processo de tentativa de fazer com que o Poder Judiciário
fique à mercê do Poder Executivo Federal. Esta Casa tem o compromisso de falar
contra isso. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. ANTONIO HOHFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero insistir com a Questão de Ordem que
fiz, há alguns dias, a V. Exa., da qual não recebi resposta. Na prática,
aparentemente, foi indeferida, mas como não recebi resposta, vou insistir.
Levantei a Questão de Ordem de que esse Veto Parcial ao PLE nº 035/98 não
cabia, pelo erro técnico de que o Prefeito volta a vetar emenda e não texto de
lei. Levantei a Questão de Ordem, pedi parecer da Procuradoria, temos votado
uma decisão sobre isso e, para minha surpresa, o Projeto voltou à pauta. Quero
entender o que está acontecendo.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, de forma não a responder ao Vereador, mas
auxiliar nos trabalhos da Mesa, como esclarecimento, dizer que a Comissão de
Constituição e Justiça aprovou parecer, por maioria, considerando absolutamente
legal e regimental o Veto do Sr. Prefeito.
O
SR. PRESIDENTE: Parecer
de quem, Ver. Juarez Pinheiro?
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Parecer
da lavra deste Vereador.
O
SR. ANTONIO HOHFELDT: Não
pedi parecer da Comissão de Constituição e Justiça, Vereador. Eu apresentei um
parecer de 2 anos atrás, onde esta Casa já fixou posição. A Comissão de Justiça
não tem que se manifestar novamente, já há uma manifestação da Comissão, a não
ser que ela troque de posição conforme interessa à maioria dos seus membros. Já
há um parecer. Entreguei o parecer para ver se ele era ratificado ou não. Não
pedi parecer da Comissão de Constituição e Justiça, já existe parecer e, mais
do que isso, um parecer votado pelo Plenário, e o Plenário é superior à
Comissão de Constituição e Justiça. Portanto, se há um novo parecer, precisa
ser votado novamente.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): O Ver. Antonio Hohlfeldt, que é autor de um livro sobre
técnica legislativa, sabe, e talvez omita isso agora, que um veto, quando é
dada como razão a sua inconstitucionalidade, precisa passar pela Comissão de
Constituição e Justiça.
Independente do humor que o
Ver. Antonio Hohlfeldt tenha no momento, é obrigatório, de acordo com a Lei
Orgânica, que este veto passe pela Comissão de Constituição e Justiça.
Então, o veto passou e a
nova orientação é essa, a anterior foi revogada e isso é a coisa mais óbvia que
pode haver, é de clareza solar. Muito obrigado.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.
Presidente, eu sempre tenho respeito pelos trabalhos conduzidos pela Mesa;
agora, o Ver. Juarez Pinheiro, independente do seu humor ou do meu, tergiversa
na questão. O parecer que temos em mãos, e que entregamos à Mesa para análise e
aplicação, se coloca com anterioridade ao Parecer, qualquer que seja da
Comissão de Justiça, porque se o Projeto chega a esta Casa errado, não há que
ser apreciado de novo pela Comissão de Justiça, simplesmente não é considerado e
esta é a minha Questão de Ordem.
Eu entendo que a Casa não
pode considerar o veto apresentado pelo Sr. Prefeito, porque ele leva o veto às
Emendas e já há posição da Casa de que não existe veto à Emenda, apenas a texto
de lei. Portanto, a Comissão de Justiça não pode se pronunciar sobre uma coisa
que não existe.
O
SR. PRESIDENTE: Vereador,
em que páginas está este veto?
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: Está
na página 12.
O
SR. PRESIDENTE: Pois
bem, como não será apreciado, obrigatoriamente, nesta tarde, eu prometo que
traremos uma palavra definitiva sobre o assunto, assim não adianta ficarmos
discutindo.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: Aceito
plenamente.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é evidente que a manifestação, em Comunicação de
Liderança, do Partido dos Trabalhadores iria provocar nossa vinda à tribuna.
Nós, nos dias presentes, temos visto um festival de incoerências que tem
assolado este País e uma tentativa de desmobilizar as corajosas atitudes que o
Senador Antônio Carlos Magalhães tem feito com o apoio da nação, repercutindo
posições, as mais amplas, muitas das quais oriundas do Partido dos
Trabalhadores, que há muito tempo apontam, denunciam problemas que são públicos
e notórios que ocorrem com a Justiça brasileira nos seus mais diversos
segmentos, buscando, inclusive, por projetos que tramitam no Congresso
Nacional, extinguir alguma das Justiças especializadas com o pressuposto de que
elas seriam inócuas na atual circunstância e na atual vigência da Carta Magna
brasileira.
Quem não sabe da tentativa,
permanente, do Partido dos Trabalhadores de extinguir as Cortes Militares, o
próprio Supremo Tribunal Militar e outras Cortes deste País. Quem desconhece o
noticiário da imprensa, de longa data, que apresenta nos mais diversos pontos
deste País gravíssimos problemas da Justiça que estão a desafiar, inclusive, o
bom senso nacional na medida em que envolve claros atos de corrupção, muitos
dos quais denunciados pelos próprios integrantes dos órgãos judiciários? Quem
desconhece que há muito tempo segmentos expressivos da egrégia Justiça do
Trabalho pugnam para que não mais exista justiça paritária, naquela Corte
especializada, com a eliminação dos juizes classistas? Quem desconhece essa
soma de fatos: as condenações do Estado do Rio de Janeiro, os problemas do
Estado de São Paulo, é porque não tem presente a realidade nacional. O que faz
o Senador Antônio Carlos Magalhães com a responsabilidade de Presidente no
Congresso Nacional? Diz que essas denúncias que chegam ao seu gabinete em
quantidades expressivas precisam ser apuradas. E o mecanismo democrático de que
dispõem os órgãos Legislativos, o mecanismo democrático de que dispõem o
Congresso Nacional, é a Comissão Parlamentar de Inquérito. A mesma Comissão
Parlamentar de Inquérito que se constituiu para que fosse defenestrado da vida
política brasileira o Presidente Fernando Collor de Mello, que tinha sido
eleito por uma grande margem de votos neste País. É a mesma Comissão
Parlamentar de Inquérito que foi utilizada para esclarecer os atos dos chamados
“anões do orçamento” , que foram banidos da vida pública brasileira. Convocar a
CPI, pretender a CPI, um Chefe de Poder Legislativo, é querer assumir a responsabilidade
do exame de uma realidade denunciada cotidianamente, e que as pessoas teimam em
ignorar, deixando que se perpetuem e estabelecendo, isso sim é omissão, toda a
desagregação do Poder Judiciário, que fica perdendo a sua confiabilidade
perante a Nação. É preciso se separar o joio do trigo. É evidente que nós
gaúchos acostumados com a Justiça Pública Estadual, cujos méritos são
indiscutíveis, não podemos olhar com viseira e desconhecer que um
Senador-Presidente do Senado Federal olhe para o Brasil todo, e não para nichos
de moralidade que, felizmente ainda existem neste País. Eu apresentaria como
exemplo, até, a Justiça Pública do meu Estado, do Estado do Rio Grande do Sul,
cujo apanágio pode proclamar. Não se diga pois, Sr. Presidente, que é qualquer
tentativa de atrelamento da Justiça, quando alguém com sua responsabilidade
parlamentar, busca esclarecer o que é inconteste, pululam por este País em
todos os pontos, partindo das mais divergentes opiniões, todas concentradas no
aspecto de que existem no Judiciário brasileiro como um todo, alguns focos de
imoralidade que, para o bem da própria Justiça brasileira, precisam ser
estancados, precisam ser corrigidos, precisam ser esclarecidos. Por isso,
estranho a manifestação do Partido dos Trabalhadores que parece que recua no
tempo, parece que se esquece de todo um discurso que pronunciou até agora, dos
Projetos do Deputado Hélio Bicudo, das manifestações dos seus congressistas,
todos nessa linha, aplaudidos por quem quer ver um Judiciário respeitado, moralizado,
adequado à nossa realidade e presente à responsabilidade do momento histórico
que vive este País. Estranho e repudio essa posição.
Eu proclamo a minha mais
absoluta solidariedade ao ilustre brasileiro Antônio Carlos Magalhães que, mais
uma vez, presta um grande serviço a esta Nação. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Sr.
Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O
Deputado Federal Osvaldo Biolchi, ex-PTB, agora no PMDB, ingressou na Câmara
dos Deputados com uma Emenda aos arts. 206 e 208 da Constituição. O art. 206,
parágrafo 4º, da Educação, da Cultura e do Desporto, prevê a gratuidade do
ensino público em estabelecimentos oficiais.
O nobre Deputado sugere uma
alteração no texto dizendo: “Gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais nos níveis infantil, fundamental e médio”. Conseqüentemente, o
Deputado está eliminando o 3º Grau. O art. 208 diz: “O dever do Estado com a
educação será efetivado mediante a garantia de:... Ele cria um parágrafo 8º
dizendo: “Financiamento do Ensino Superior aos alunos carentes em instituições
públicas ou privadas na forma da Lei”. No nosso entendimento, isso aqui está
bem claro, o nosso Deputado - nosso, em relação ao Rio Grande do Sul e não à
nossa corrente ideológica - está claramente propondo a extinção das
universidades federais em nosso País, embora ele diga no texto que prevê o
financiamento em instituições públicas ou privadas aos alunos carentes. De que
maneira quantificar o que é carência? Hoje, os nossos créditos educativos, seja
o Crédito Educativo Estadual - PROCRED - ou o Crédito Educativo Federal
determinam algumas linhas de carência. Principalmente o nosso estadual diz que
a renda “per capita” não poderá ser superior a um salário mínimo e, na grande
maioria das vezes, aquelas pessoas que são assalariadas, com o seu
contracheque, não conseguem receber o auxílio, e quem ganha são os
profissionais liberais que conseguem um atestado dizendo que ganham
determinados valores. Tem que haver uma mobilização em nível nacional, é um
perigo gravíssimo que está colocando em xeque as universidades públicas deste
País, que ainda são uma das poucas garantias de qualidade de ensino em nosso
País. O próprio Deputado diz que existem distorções no ensino público do nosso
País, onde constata que grande parte das pessoas com poder aquisitivo mais alto
são as que ingressam nas universidades públicas. E nós concordamos com o que
ele coloca, mas, ao mesmo tempo nos preocupamos com que haja um desmonte no
ensino público em nosso País. Toda a discussão, que ao longo dos últimos anos
tem sido feita, com a intenção de extinguir as universidades federais, agora,
com essa Emenda do Deputado, pode ser consumada.
É importante que a sociedade
faça esta discussão. Conclamo o Presidente da Comissão, da qual eu faço parte,
Ver. José Valdir, Comissão de Educação desta Casa convoque as universidades -
no caso, aqui, específico de Porto Alegre -, a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul para que ela possa vir a esta Casa manifestar-se sobre a Emenda
do Deputado que, realmente, é algo que nos preocupa, pois temos a certeza de
que o ensino público do País, grande parte de investimentos de pesquisa vai
acabar, mais uma vez, em nome da possibilidade de uma privatização.
Então, gostaríamos de que os
Srs. Deputados conversassem com os seus Pares e ficassem atentos sobre isso que
está ocorrendo em nosso País, da possibilidade de extinção das universidades
públicas. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Havendo
quórum, passamos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC.
1690/98 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 079/98, de autoria do Ver. Luiz Braz, que altera
o art. 1º e seu § 1º da Lei nº 4729, de 12 de maio de 1980, que alterou a Lei
nº 3397, de 02 de julho de 1970, que disciplina o comércio de jornais e
revistas em logradouros públicos.
Pareceres:
- da CEFOR. Relator Ver. João Motta: pela manutenção do Veto Total;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela rejeição do Veto Total;
-
da CECE. Relatora Verª Maristela Maffei: pela manutenção do Veto
Total;
-
da COSMAM. Relatora Verª Clênia Maranhão: pela rejeição do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, maioria
absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO
- rejeita o Projeto, aceita
o Veto.
O
SR. PRESIDENTE: Em
discussão o PLL nº 079/98 com veto total a ele aposto.
O
SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr.
Presidente, solicito que o Requerimento da Vera. Tereza Franco fosse votado em
primeiro lugar, porque depois de iniciar o Veto fica tudo sobrestado.
O
SR. PRESIDENTE: Duas
questões, Ver. João Dib, eu respondo com prazer a V. Exa.
A primeira é que o
Requerimento da Vera. Tereza Franco terá que ter examinada pelo menos, pela
Mesa, a questão de verba. Mas não seria tanto por isso, e sim pela Lei Orgânica
que, no art. 77, é clara quando diz, no seu parágrafo 6º que esgotado, sem
deliberação, o prazo estabelecido no parágrafo 4º., o veto será colocado na
Ordem do Dia da Sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até a sua
votação final.
Então, nós temos, realmente,
uma prioridade absoluta para os vetos. Eu darei celeridade ao Requerimento. Mas
hoje temos que enfrentar os vetos, Ver. João Dib.
O
SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, tudo bem, concordo com V. Exa., apenas se nós votássemos o
Requerimento da Vereadora Tereza Franco antes, ele não estaria sendo sobrestado
pelo veto que vamos votar agora.
O
SR. PRESIDENTE: Mas,
Ver. João Dib, não posso colocar na...
O
SR. JOÃO DIB: Tudo bem,
eu aceito a colocação de V. Exa. que é legal, regimental e orgânica.
O
SR. PRESIDENTE: Eu tenho
certeza de que a Vera. Tereza Franco sabe que eu tenho o maior interesse no seu
Requerimento, que é muito importante.
O Ver. João Motta está com a
palavra para discutir o PLL nº 79/98 com veto total a ele aposto.
O
SR. JOÃO MOTTA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, na verdade, vou tentar convencer o Ver. Luiz Braz
a adiar por uma Sessão, Ver. Antonio Hohlfeldt. Evidentemente, não tenho aqui a
petulância de convencer o Ver. Luiz Braz, pois sei a posição dele a respeito do
presente Projeto. Entretanto, vou tentar explicitar um pouco como o Executivo e
a nossa Bancada está fazendo a leitura sobre o Projeto, porque se for uma
questão de leitura e de diálogo, quero registrar, preliminarmente que, da nossa
parte, há disposição de voltar a dialogar com V. Exa. para tentar encaminhar
uma solução para o assunto.
O que nos faz solicitar mais
uma Sessão, Ver. Luiz Braz, é que se trata de um assunto que nos suscita duas
situações. Vou resumir aqui, para efeito de compreensão. A primeira é a
respeito de uma dificuldade que temos de compatibilizar neste caso o tempo, o
prazo da autorização do poder público que é revogável, a rigor, a qualquer
instante, para que determinada banca permaneça naquele determinado local. Esta
é uma questão, o tempo e o prazo que aquela banca permanece naquele local. Como
compatibilizar isto com o possível espaço de propaganda que essa banca passaria
a veicular? Esta é uma primeira dificuldade.
Em segundo lugar, seria com
relação à administração e destinação dos recursos obtidos a partir dessa
comercialização, ou seja, dos espaços de propaganda a serem fixados, a partir
de determinado prazo. Achamos que a proposta feita, que seja a entidade de
classe dos vendedores de jornais e revistas do Estado, talvez não seja a mais
correta, porque retiraria do poder público a possibilidade de exercer uma
fiscalização no sentido de preservar o interesse público, no sentido de como
fazer a compatibilização do prazo de permanência da banca naquele determinado
local e o prazo de adequação naquele espaço que vai gerar determinada renda.
Concluo, tentando sinalizar
para V. Exa. que, talvez, se fizéssemos uma adequação na lei, colocando outra
forma de fiscalização que não a entidade de classe, que é parte absolutamente
interessada no assunto, mas uma instância que represente o poder público, que
teoricamente tem por obrigação precípua defender o interesse comum da
comunidade, talvez fosse uma mediação mais adequada para nós viabilizarmos o
interesse de todos.
Portanto, aqui, contrários à
proposta suscitada por V. Exa., estamos tentando fazer um aperfeiçoamento. Por
essa razão encaminhamos, mais uma vez, a solicitação perante o Plenário e a V.
Exa. para que adie por mais uma Sessão. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Luiz Braz está com a palavra, para discutir O PLL nº 79/98 com veto total a ele
aposto.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho a impressão de que este Projeto foi
vetado por causa da sua autoria. Se o autor do Projeto não tivesse sido este
Vereador, eu tenho certeza absoluta de que o tratamento dado à matéria seria
diferente.
A redação do Projeto saiu de
dentro da Secretaria Municipal de Meio Ambiente; essa redação é de técnicos da
Secretaria numa negociação que foi mediada pelo então Ver. Gerson Almeida,
juntamente com o Presidente do Sindicato. Erroneamente eu fui instado por
alguns Vereadores do PT, dizendo que o Projeto dava ao Sindicato o poder de
administrar e fiscalizar. Mostrei a eles que estavam lendo o Projeto de forma
errada, porque a fiscalização é entregue à Prefeitura, e a administração é
entregue ao Sindicato.
Quando das razões do Veto, e
agora, na argumentação usada pelo Ver. João Motta, dizem que ele é contrário ao
interesse público, eu pergunto: por que no Projeto que dá para os
transportadores coletivos o direito de ter propaganda, quem administra a
propaganda é a associação de classe? No caso dos táxis-lotações ou no caso dos
táxis o que essas categorias têm de diferente do Sindicato dos Jornaleiros?
Será que é o problema da filiação à CUT? Será que é um problema de divergência
com o Presidente do Sindicato? Porque a categoria dos jornaleiros está muito
satisfeita com a sua representação de classe.
O Projeto está perfeitamente
redigido; não foi nem redigido por este Vereador, que poderia ser acusado de
querer favorecer essa ou aquela pessoa. A redação saiu de dentro da própria
Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Agora, querer convencer este
Vereador de que tem que adiar para poder negociar... Ora, não temos mais nada a
negociar! Eu acho que temos que votar. Ou as pessoas querem ser honestas e
fazer com que a relação com os distribuidores de jornais seja a mais limpa
possível e regrada nessa legislação ou eu acredito que não existe mais o que
negociar. Por que não pode ser a mesma negociação, ou o mesmo regramento que
foi feito para o transporte coletivo? Por que não pode ser a mesma legislação
que foi feita para os táxis-lotações. O que tem de diferente nesta categoria?
Eu acho que derrubar esse veto é uma obrigação desta Casa, é dar tratamento
igual às categorias profissionais que querem se organizar. Ora, dizer que nós
temos que administrar as bancas de revistas com relação às propagandas que elas
têm, meu Deus do céu, é desconhecer os problemas dos jornaleiros, Ver. Lauro
Hagemann. É desconhecer que o minguado que entra para cada jornaleiro, através
daquela propaganda que eles têm na banca de revista, é talvez a diferença de
uma melhor alimentação, ou de uma pior alimentação, de poder morar em um local
ou não poder morar. Essa pequena diferença naquela propaganda que eles têm na
banca de revista. E é isso que querem tirar dos jornaleiros. Então não tem o
que negociar. Não se negocia dignidade, não se negocia a honestidade. Ou se
derruba este veto e se demostra que o sindicato de classe pode administrar
muito bem os interesses da sua categoria e que não estão na verdade contrários
aos interesses públicos, ou eu acredito que não tem mais o que falar, não tem
mais o que negociar. O projeto é límpido, transparente e muito mais do que
isso, ele já foi negociado em uma primeira fase pelo ora Secretário do Meio
Ambiente, Ver. Gerson Almeida, junto com os técnicos da própria Secretaria
Municipal do Meio Ambiente. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra para discutir o PLL nº 79/98 com veto total a ele
aposto.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu preferiria estar discutindo a Pauta de hoje,
porque eu queria atribuir uma nota zero, com louvor, a uma Exposição de Motivos
da Mesa, mas sou obrigado a ficar na discussão do Veto do Sr. Prefeito, que tem
três páginas. Ora, o Sr. Prefeito deve ter mais o que fazer, além de viajar.
Ele viaja bastante, e é por isso que, de repente, assina vetos como esse. O
transporte coletivo de Porto Alegre, por iniciativa da Prefeitura, e até com
algum esforço dela, fez um Projeto de Lei para que se divulgasse publicidade,
na parte traseira dos ônibus e dos lotações. Eu não consigo ver a diferença, em
matéria de publicidade, na parte traseira dos ônibus e lotações e o que se
pretende no Projeto de Lei do Ver. Luiz Braz. No caso dos ônibus e lotações,
até tenho algumas restrições, eu poderia, tecnicamente, colocar algumas
dúvidas. Não fiz, na oportunidade abstive-me de votar, e não entendo como o Sr.
Prefeito consegue encontrar, com a sua cara assessoria, o Município tem 40
Procuradores, e fazer um tipo de argumentação que não resiste a uma análise,
por mais simples que seja. Ele aqui está preocupado que alguém possa contratar
uma publicidade, num estande de revista, e como isso é algo permitido pelo
Município, pode ser retirado, ele pode prejudicar o anunciante. Ora, Sr.
Prefeito, o serviço de transporte coletivo é permitido e manobrado pela
Prefeitura Municipal, até já fez um Decreto que cassa todas as permissões e,
depois, fez uma EPTC e outras coisas mais, que “está tudo como dantes, como no
quartel de abrantes”, mas ninguém tem permissão. E as propagandas continuam nos
ônibus de Porto Alegre. Agora, no estande de revistas, ah, isso é brincar de
administrar a cidade. O que o Ver. Luiz Braz fez foi a simplicidade, o óbvio,
aquilo que deveria ser feito, mas apenas para que se tivesse um documento, não
tinha nada mais do que isso. É muito menos do que a publicidade no ônibus e no
lotação ou em outros lugares que aí existem. É muito menos que a publicidade
que a Prefeitura faz, mas eu acho que, se o Ver. Luiz Braz tivesse colocado uma
ressalva que ficaria o espaço de 30X40 centímetros quadrados para fazer a
publicidade da Administração da Prefeitura, seria aceito. Isso aqui é perder
tempo, vetar duas páginas e meia de escritos, que não sei se o Prefeito leu
todo, sem nenhuma base. Eu não encontro nada em contrário ao interesse público,
quando se faz publicidade num estande de revista, até porque, se passarmos num
estande de revistas, eu duvido que eles não estejam todos cheios de
publicidade, não a publicidade que será contratada, mas a publicidade de
revistas que estão sendo vendidas, com um destaque especial. Então, não está
fazendo nada de novo, apenas está ordenando. E eu não vejo onde está a
contrariedade ao interesse público. O interesse público é muito maior do que
isso. É, talvez, não fazer seis contratos para fazer o programa “Cidade Viva”,
com uma empresa que não sei e não consegui nenhum Vereador que soubesse o que
faz essa empresa. São seis contratos, no Programa “Cidade Viva”, num total de
dois milhões e duzentos mil para seis meses. Uma empresa tem seis contratos e
não conheço nenhum Vereador que pudesse me dizer que empresa é essa. Talvez
seja mais interessante para o interesse público, cuidar dessas seis empresas,
e, talvez, fazer com uma só, um só contrato, com menos gastos do que se
pretende agora. Vereador Luiz Braz, meus cumprimentos pela simplicidade de seu
Projeto e a certeza que acompanharemos V. Exa. na derrubada do Veto. Saúde e
Paz. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Antônio Losada se inscreve e cede seu tempo ao Ver. João Motta.
O
SR. JOÃO MOTTA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, confesso que estou meio sem pique de Plenário já
que há algum tempo não discuto um Projeto, mas frente às argumentações do Ver.
João Dib, tenho que me manifestar. Conheço o Ver. João Dib, por quem tenho um
profundo respeito, mas, ou entramos um pouco mais na discussão ou vamos fazer
discurso político aqui. E reforço a observação do Ver. Luiz Braz de que temos
que entrar um pouco mais na discussão do Projeto em si, senão não esclarecemos
o Plenário, ficando discursos políticos para cá e para lá. Já identificamos que
há situação de um lado, que há oposição de outro, mas perdemos a referência,
que é o Projeto. E fui claro no início, queremos aprovar o Projeto, tanto que o
Governo chegou, até, a negociar com o Vereador. E até fui absolutamente
ponderado e claro na argumentação, mas fomos atacados, porque o Governo está
contra isso e aquilo. Não é nada disso! Isso é ruim para o nível da nossa
discussão, mas cada Vereador possui um método de debater.
Retomarei duas questões,
para tentar esclarecer aos poucos Vereadores que estão atentos à discussão.
Ver. Luiz Braz, a propaganda em ônibus rege-se por outros preceitos. E
concretizo essa afirmação, questionando para onde vão os fundos ou as verbas
arrecadadas nessas propagandas em ônibus? Pelo que sei, são destinadas para um
fundo de saúde dos trabalhadores. Portanto, é essa a destinação e a lei é clara
- a destinação dos recursos é essa, e não se pode dar-lhes outra destinação.
Então, sob esse ponto de vista, até é justo que a entidade administre, porque é
do seu interesse que os trabalhadores recebam essa contrapartida para melhorar
a sua qualidade em termos de plano de saúde, etc. Portanto, a situação da
propaganda em ônibus é essa. Estamos, aqui, falando de uma situação que é um
pouco mais complexa, como foi, com todo o respeito, a fala do Ver. João Dib.
Temos aqui em Porto Alegre uma lei que foi aprovada por esta Casa no ano
passado, a Lei do Mobiliário Urbano, que trouxe um regramento que deve ser
combinado com a lei que está sendo discutida agora. É por isso que estamos
pedindo tempo, queremos viabilizar essa adequação, se formos enquadrar pela Lei
do Mobiliário essa situação, ficamos no brete. É inviável aprovarmos a lei como
está proposta, porque trata-se de um espaço público, se é espaço público aquela
parte da frente da banca em que será fixada a propaganda, a decisão sobre como
ocupar, não será decisão do permissionário da banca, é o poder público quem vai
decidir qual a propaganda a ser fixada, porque a Lei do Mobiliário Urbano assim
o definiu. Por essa razão, porque vai passar por um processo licitatório
público, estamos abertos ao debate, mas até o presente momento estamos achando
que é equivocado, o contraditório, por esta razão, atribuir ao permissionário a
decisão sobre a destinação de uma verba cuja decisão, na verdade, na sua origem
não é dele é do poder público. Sugerimos que a fiscalização, ou o controle
sobre a destinação dessas verbas, no mínimo, também tenha a participação do
poder público, talvez juntamente com o permissionário, a possibilidade de ambos
decidirem sobre a destinação, o que me parece contraditório, considerando a
existência dessa lei anterior, é que a decisão fique tão-somente para o
permissionário, por esta razão, porque temos uma lei anterior, e segundo, é
diferente da situação referenciada aqui no debate da propaganda de ônibus.
O
Sr. Luiz Braz: V. Exa.
me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Peço desculpas a V. Exa., mas
há um equívoco, quando foi feita a Lei do Mobiliário Urbano, de autoria do Ver.
Clovis Ilgenfritz, se V. Exa. prestar a atenção, o último artigo da lei diz: “
Revogam-se as disposições em contrário, excetuando-se essa mesma lei que
estamos modificando”. Isso aconteceu a pedido deste Vereador, estudado com a assessoria
do Ver. Clovis Ilgenfritz. Toda essa Legislação do mobiliário urbano foi feita
exatamente para não contrariar essa legislação que tínhamos feito nos dias
anteriores. A legislação do mobiliário urbano é posterior à legislação que
fizemos regrando a propaganda em bancas de revista. O Ver. Clovis Ilgenfritz,
quando votou o seu Projeto de Lei, colocou toda a sua assessoria juntamente com
o Executivo trabalhando para que as leis não se chocassem, inclusive o Veto que
foi aposto ao último artigo do Projeto do Ver. Clovis Ilgenfritz também é um
Veto errado, que coloca a própria Legislação do Ver. Clovis Ilgenfritz em uma
situação muito difícil de não derrubarmos o Veto.
O
SR. JOÃO MOTTA: Agradeço
o aparte. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL nº 79/98 com veto total
a ele aposto.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o Dep. Alceu Collares uma vez me contou uma
passagem do primeiro dia em que ele iniciou seus trabalhos na Câmara Federal,
quando ele ouviu - eu não vou citar o nome do Deputado, nem o partido -,de um
Deputado: “Essa é uma pessoa com uma bela voz, à procura de idéias”. Não é o
caso do Ver. Luiz Braz. Essa é uma bela voz com idéias, só que distorcidas.
Na verdade nós teríamos de
considerar, Ver. Luiz Braz - que tem esgrimado na área jurídica e que fez um
curso de pós-graduação em Direito Público -, uma questão importante. Quero que
considere, porque o instituto da permissão de uso é precário, ou seja, existe o
uso, que é de até 90 dias; a permissão de uso, que é precária, e, depois, a
concessão do direito real de uso, que V. Exa. tem trabalhado e que pode ser por
muitos anos, até a morte daquele beneficiário. A permissão de uso é um instituto
jurídico a título precário. A partir do momento em que V. Exa. faz com que um
permissionário firme um contrato com terceiro, de publicidade, V. Exa. está
deixando de consubstanciar o âmago do instituto que é precário, porque quem vai
arcar com o ônus, se o Poder Público entender que aquela permissão não pode
continuar?
Ver. Luiz Braz, quero
ressaltar que V. Exa. conversou com os representantes de alguns órgãos, mas
entendo que essa conversa poderia ser aperfeiçoada. A idéia que V. Exa. traz de
beneficiar esses trabalhadores, e sei que trabalha com essas pessoas, não só
nesta área, como vários outros que têm permissões na Cidade e é um
representante legítimo da categoria, V. Exa. pode estar criando um problema
para ela. Se o Poder Público retira essa permissão, quem é que vai pagar a
responsabilidade da publicidade e do contrato firmado? Neste sentido, há um
grande equívoco.
O
Sr. João Motta: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para efeito de esclarecimento,
para que fique registrado nos Anais: por essa razão, Ver. Luiz Braz, - eu não
pude fazer a contradita do seu aparte, - para não incorrer na contradição que
nós também, vetando o art. 63 da Lei que V. Exa. acabou de referenciar. Nós
acolhemos o veto, portanto, do art. 63 da Lei do Mobiliário, e está superada a
contradição, sob o nosso ponto de vista, é evidente. Por esta razão, V. Exa.
vai trabalhar também para que seja derrubado o veto do art. 63, do Projeto do
Ver. Clovis Ilgenfritz.
Portanto, para esclarecer o
Plenário, nós continuamos trabalhando com a idéia de que estaria equivocada a
Emenda e, por esta razão, a vetamos. As demais razões já foram expostas. Muito
obrigado.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver.
Luiz Braz, eu quero acrescentar uma última questão. Por exemplo, pela Lei do
Ver. Clovis Ilgenfritz, essas bancas passam a compor o mobiliário urbano,
portanto, há necessidade de serem realizadas licitações. Quem é que vai
realizá-las? Serão os permissionários ou será o Poder Público?
Então, Ver. Luiz Braz, V.
Exa. trabalhou com afinco neste Projeto, mas eu entendo que ele pode voltar-se
contra aqueles a quem V. Exa. quer, com tanto denodo, colaborar no dia-a-dia do
seu trabalho. Está absolutamente claro, mas, acima de tudo, V. Exa. vem
consubstanciar a permissão de uso, com a proposta e acho que isso é
impraticável. Mas V. Exa. tem justeza, quando luta por esta categoria, são
trabalhadores desamparados, na maior parte das vezes, e V. Exa. tem se
notabilizado por esta luta; mas, às vezes, querendo ser “mais realista do que o
rei” podendo trazer problemas e não benefícios à categoria. Eu entendo que, se
V. Exa. concordasse com a manutenção do veto, fizesse uma discussão mais
aprofundada com o Poder Executivo, aí sim, V. Exa. estaria colaborando com
esses trabalhadores. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação nominal o PLL nº 79/98 com veto total. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO o Projeto por dezenove votos SIM; doze votos NÃO; uma ABSTENÇÃO.
Portanto, rejeitado o Veto Total.
Esgotado o prazo da Sessão,
colocamos em votação a sua prorrogação por duas horas. (Pausa.) APROVADO, por 15 votos SIM, 14 NÃO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC.
3098/98 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/98, de autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz,
que disciplina o uso do Mobiliário Urbano e Veículos Publicitários no Município
e dá outras providências.
Parecer:
-
da CCJ. Relator Ver. Guilherme Barbosa: pela manutenção do Veto
Parcial.
Observações:
- para aprovação, maioria
absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;
- adiada a discussão por
uma Sessão.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO
- rejeita o Projeto, aceita
o Veto.
O
SR. PRESIDENTE:
Discussão do PLL 155/98, com veto parcial a ele aposto, de autoria do Ver.
Clovis Ilgenfritz. Para discutir tem a palavra o Ver. Luiz Braz.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Este veto parcial aposto pelo Sr. Prefeito
Municipal ao Projeto sobre o mobiliário urbano, de autoria do Ver. Clovis
Ilgenfritz, precisa ser derrubado, para não prejudicar o Projeto do próprio
Ver. Clovis Ilgenfritz. Vejam que o artigo vetado diz assim: “Revogam-se as
disposições em contrário”, exceto a lei tal, que agora não recordo o número.
Imagine, Ver. Lauro Hagemann, se aceitarmos o veto, não iremos mais revogar as
disposições em contrário. Toda aquela preocupação que teve o Ver. Clovis
Ilgenfritz, de querer revogar as disposições em contrário, cai por terra. Sendo
assim, toda aquela legislação anterior ao Projeto ainda continua vigendo. Vamos
ter um choque de legislação. Poderiam vir aqui os doutos, os entendidos na
matéria e dizer que a lei nova revoga a lei velha. Mas, Ver. Elói Guimarães, se
isso fosse uma verdade completa, acabada, não precisaríamos ter no final de
todos os Projetos de Lei este artigo que vem revogar, de maneira enfática, toda
aquela legislação anterior que entra em choque com a legislação que estamos
votando. Porque, senão, o que irá acontecer, Ver. Elói Guimarães? O que irá
acontecer num Projeto como este é que a legislação anterior vai continuar de
alguma forma se conflitando com a legislação nova, e vamos ter problemas de
interpretação entre a legislação anterior e a nova. Vejam que o artigo vetado
diz: “Revogam-se as disposições em contrário”, exceto a Lei 4729, que
modificamos agora. Porque esta lei 4729, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol,
dizia que a fiscalização e a administração ficava a cargo do sindicato. O que
fizemos? Modificamos a legislação, e dissemos que a fiscalização está a cargo
da administração, o que é correto, absolutamente certo. E a administração da
propaganda é que fica a cargo do sindicato.
Tem o aparte o nobre Ver.
João Dib.
O
Sr. João Dib: Não quero
fazer discussão da matéria. Se precisar, cedo meu tempo a V. Exa. Ocorre que eu
fui à tribuna no processo anterior, e disse que a Procuradoria cara do
Município não era muito atenta, e disseram que eu fiz um discurso político. Eu
fiz um discurso com a simplicidade que me caracteriza. A Procuradoria não se
deu conta dessa coisa tão primária, que o último artigo da lei sempre revoga as
disposições em contrário, excetua esta ou aquela lei. É o que fez o Ver. Clovis
Ilgenfritz, e a Procuradoria do Município gastou tempo e dinheiro para vetá-lo.
Claro que não vai acontecer de o Veto ser aceito.
Sr. Presidente, eu me
inscrevo e cedo o meu tempo ao Ver. Luiz Braz.
O
SR. LUIZ BRAZ: Agradeço
a V. Exa. Ver. João Dib, mas acredito que não vá precisar. Eu fui criticado
aqui com relação as minhas idéias, mas eu as mantenho, porque acredito nas
idéias que defendo desde o início de minha vida e que são princípios que me
foram passados pelos meus pais, que são os princípios de decência e dignidade.
E deles eu não abro mão. Eu sei que existem pessoas que são mais inteligentes,
melhor formadas, que têm melhor entendimento com relação às matérias, mas dos
princípios da dignidade e da honestidade eu não abro mão. E vou continuar
defendendo aqui as minhas idéias, apesar de algumas pessoas acreditarem que são
donas da verdade. Acho que não existem donos da verdade. O que existe, a cada
instante, a cada momento, é a necessidade de fazermos uma discussão. E esta
matéria que estamos votando agora, Ver. João Dib, é uma prova de que nós
precisamos fazer discussão a cada momento, porque até um minuto atrás a
assessoria do Sr. Prefeito Municipal estava induzindo a sua Bancada a cometer
um erro na apreciação deste Veto. Acredito que a Bancada do PT não cometerá
mais este erro. Então, é necessário que esta e outras discussões sejam feitas a
todo instante, para que ninguém possa se achar dono da verdade, para que
ninguém possa não querer modificar alguma coisa que está errada simplesmente
por ter vergonha de ter errado. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLL nº 155/98 com veto
parcial a ele aposto.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, evidentemente que a matéria está clara, mas nunca
é demais chamar a atenção para a disposição vetada que, em aceitando o veto,
não revoga a legislação anterior.
Por outro lado, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, há uma lei complementar que está sendo objeto de
análise na Comissão de Constituição e Justiça, e vale aqui esta manifestação
como uma informação. Esta lei estabelece uma nova técnica legislativa e diz que
nos Projetos de Lei não poderão mais constar: “Revogam-se as disposições em
contrário”. Claro que isso será examinado pela Comissão de Constituição e
Justiça no sentido de tirar um provimento.
Se quiserem revogar, tem
que, especificamente, dizer: revoga-se a lei tal, número tal, as leis tais e
tais.
Então, a expressão geral de:
“Revogam-se as disposições em contrário”, no novo preceito da Lei Complementar
Federal, está proibido como técnica legislativa e a Casa e os Vereadores, tão
logo a Comissão de Justiça manifeste um provimento, evidentemente, deverão
segui-lo, sob pena de produzir uma matéria inorgânica.
Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
nós não temos uma opinião sobre a matéria. Evidentemente, que se aconselha aqui
as razões já produzidas, para que se aceite o veto do Sr. Prefeito Municipal.
Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o PLL 155/98 com veto parcial a ele aposto. (Pausa.) (Após chamada.) REJEITADO por 16 votos NÃO, um SIM, duas ABSTENÇÕES.
Mantido o Veto.
Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 18h25min.)
* * * * *